Estacionados na frente do Ministério da Reforma Agrária, os participantes da Marcha não só protestaram contra o completo descaso do governo Lula em relação ao problema da terra no Brasil como também contra uma conseqüência previsível desta situação: a continuidade e, inclusive, o aumento da violência contra aqueles que lutam pelo direito à terra.
O último episódio, o Massacre de Felisburgo (MG), onde foram mortos cinco sem-terra e 20 outros ficaram feridos, é apenas o exemplo mais recente e dramático dos ataques que o latifúndio tem feito contra o movimento.
Ataques cuja responsabilidade também recai sobre Lula e seus aliados, na medida em que o governo não só se recusa a fazer a Reforma Agrária como também incentiva a impunidade, ao proteger a corja do agronegócio. Uma proteção que ficou escandalosamente descarada esta semana, quando Lula ameaçou demitir o presidente do Incra, Rolf Hackbart, somente porque ele disse algo que todo mundo sabe: que os produtores do agronegócios têm envolvimento em lamentáveis episódios como os de Felisburgo, Carajás, Corumbiara e tantos outros.
MST não participa da manifestação
Durante a passagem pelo Ministério era esperada a presença ao menos de um representante do Movimento Sem Terra. Contudo, e lamentavelmente, o MST não enviou nenhum representante. Apesar de terem sido convidados a participar da Marcha desde o início de sua organização, o MST optou por participar, hoje, da Conferência Nacional de Água e Terra, organizada por uma série de entidades relacionadas à questão agrária e que esperava a presença de Lula e de outros representantes do governo, para discutir o modelo de desenvolvimento na terra defendido pelo governo Lula.
Uma opção gravemente equivocada, não só pelo que fica evidente nos acontecimentos recentes, como também por já estar óbvio que o modelo defendido por Lula é o do agronegócio e do latifúndio. Para a tarde, o MST promete uma passeata em direção ao Banco Central, alegando que a principal (e praticamente única) responsável pela paralisação da Reforma Agrária é a política econômica do governo. Outro erro! Como o próprio Lula fez questão de deixar claro, há uma opção global do governo em defesa dos interesses de seus aliados das elites financeira, política, econômica e, também, agrária.
(Leia sobre a passagem pelo Ministério do Trabalho na próxima matéria).