Correio InternacionalOs ataques aos trabalhadores são parecidos em todo o mundo. Por um lado, as políticas dos governos e das empresas são realizadas “pela mesma tesoura”. Por outro, as grandes empresas têm estruturas com fábricas em todo o mundo e “internacionalizam” sua produção e comercialização. Na indústria automotiva, ramo central da economia capitalista, a GM tem unidades fabris ou escritórios comerciais em 70 países; a Fiat, em 61; a Renault, em 46. Frente à crise, essas empresas aplicam planos unificados de ajustes e tratam de colocar os trabalhadores de diferentes países uns contra os outros, ainda que esses planos se expressem por meio de diferentes variantes.

Na França, o governo “está concedendo empréstimos e subsídios aos fabricantes de automóveis, com a condição de que as empresas mantenham os empregos na França e sob nenhum pretexto levem parte de sua produção à República Checa, à Eslováquia e à Romênia, países onde a Peugeot-Citroën e a Renault têm montadoras” (Agência EFE, 24/2/2009). Enquanto isso, a GM utiliza a ameaça de levar fábricas dos EUA para países de menor custo trabalhista, com a condição de que seus trabalhadores aceitem diminuir seus salários à metade.

É quase impossível derrotar essas gigantescas empresas se as lutas não se unificarem e receberem uma ampla solidariedade internacional. Uma luta internacional oferece uma perspectiva muito maior de vitória porque golpeia a empresa em seu conjunto.

A unidade e a solidariedade internacionais nas lutas operárias não são algo novo. Fazem parte de sua história e de suas melhores tradições. Recordemos que foi uma campanha internacional de luta, nas primeiras décadas do século 20, que conseguiu a jornada de trabalho diária de oito horas em muitos países.

Durante décadas, a ação destrutiva do stalinismo e das burocracias sindicais tratou de apagar da memória dos trabalhadores a consciência da força que a luta internacional unificada possui. Se essas burocracias nem sequer unem a luta dos trabalhadores em um país, muito menos vão estimular a unidade internacional.
Aparatos como a Federação Internacional dos Trabalhadores Metalúrgicos e a Confederação Sindical Internacional só servem para fazer congressos que votam declarações ou pedem intervenção de organismos como a OIT (Organização Internacional dos Trabalho), e não para estimular lutas contra patronais e governos.

Recuperar essa tradição histórica é uma necessidade. Esse caminho pode começar a ser concretamente percorrido através da unidade dos trabalhadores de uma mesma empresa ou de um mesmo ramo industrial, em nível internacional.
Nesse sentido, destaca-se o chamado feito pelos trabalhadores da GM de São José dos Campos e adotado como próprio pelo sindicato metalúrgico da região, Conlutas e Elac (Encontro Latino-Americano dos Trabalhadores).

Nele, assinala-se que “os governos e as empresas tentam nos dividir e nos colocar uns contra os outros. Isso só nos leva à divisão e à fragmentação. Os únicos que ganham com isso são os que vêm nos explorando brutalmente durante anos. Temos que dizer não. Nenhuma demissão, nenhuma redução de direitos ou de salários em função da redução de jornada de trabalho”.

Depois de analisar os ataques que as empresas automotivas em nível mundial estão realizando, fazem “um chamado aos companheiros das empresas automotivas do mundo todo: organizemos um dia de greve internacional com a bandeira de defesa dos nossos empregos, salários e direitos; que os ricos paguem pela crise”. Chamado feito, em especial, “aos trabalhadores da GM de várias fábricas em todo o mundo: basta de divisão entre nós, enfrentemos a crise com unidade e luta, em defesa dos nossos empregos, dos nossos direitos e salários”.

Para concretizar a proposta, propõem que “os trabalhadores, seus sindicatos, comissões de fábrica e ativistas” organizem “uma reunião internacional, onde possamos discutir um plano de luta unitário para enfrentar a crise internacional, defender nossos empregos, direitos e salários sem cair reféns das chantagens promovidas pelos que sempre nos exploraram”.
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