Os últimos dias foram de pânico para os mercados financeiros. A quebradeira de grandes e tradicionais bancos de investimentos dos Estados Unidos provocou quedas históricas nas ações negociadas nas bolsas em todo o planeta. O governo norte-americano interveio fortemente nos mercados para salvar banqueiros e investidores.

No início de setembro, se revelou a situação de penúria de bancos centenários os EUA. O governo Bush anunciou uma ajuda bilionária às companhias Fannie Mae e Freddie Mac. Ambas atuam no mercado de crédito imobiliário e estavam à beira da falência.

Em seguida, outro grande banco, o Lehman Brothers, entrou em agonia. Desta vez, o governo norte-americano limitou-se a pressionar para que outros bancos e instituições financeiras ajudassem. Não deu certo e o banco quebrou. A falência desatou uma queda em cascata nas bolsas e o governo Bush radicalizou sua política de estatização do mercado financeiro.

O Fed, banco central norte-americano, anunciou, então, a compra da maior parte da AIG, a maior seguradora do mundo, que passava por sérias dificuldades. A ajuda de US$85 bilhões não foi suficiente para acalmar os investidores.

A Casa Branca divulgou, no último dia 19, um megaplano de ajuda ao combalido mercado. O projeto, que ainda deve passar pelo Congresso, prevê um gasto de US$700 bilhões para salvar as instituições financeiras da bancarrota. O pacote daria poder ao secretário do Tesouro para comprar “papéis podres”, ou seja, ações de instituições à beira da falência. É a maior intervenção econômica do Estado na história do capitalismo.

Estima-se que o total do dinheiro colocado pelo governo Bush para acalmar o mercado supere o total gasto na Guerra do Iraque. Setembro inaugurou mais um capítulo da crise financeira que abalou o mundo em 2007. Analistas são unânimes em classificar essa crise como a mais profunda desde a grande crise de 1929. A opinião corrente também dá conta de que estamos apenas no começo e que muita coisa ainda virá.

O pacote de ajuda do governo Bush, embora tenha levado certo alívio aos mercados, segura apenas temporariamente a crise. Ao contrário do que é amplamente noticiado pela mídia, tal crise não tem origem no mercado financeiro. Ela é apenas expressão de uma crise econômica clássica de superprodução. É o prenúncio de uma recessão que já atinge os EUA e que deve se alastrar pelo resto do mundo no próximo período, podendo assumir uma gravidade bem superior à da crise de 2000-2001.

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