PSTU-PE
Agradecemos os votos que tivemos nessas eleições à Prefeitura do Recife. Desde o começo, afirmamos que as eleições municipais não são uma ” festa da democracia”, ao contrário, são um jogo de cartas marcadas a serviço dos ricos. Por isso, nossas candidaturas colocaram que a única solução para resolver os problemas mais sentidos da nossa classe só podem vir através de uma alternativa socialista revolucionária contra o capitalismo, e um governo socialista dos trabalhadores que governe através de conselhos populares, onde todas as decisões da cidade, principalmente o orçamento, seja administrado e controlado pelas trabalhadoras, trabalhadores e o povo pobre e negro do Recife.
Agora, no 2º turno, há duas candidaturas no Recife: João Campos do PSB e Marilia Arraes do PT. João Campos passou para 2º turno após uma queda de mais de 200 mil votos da última eleição ocorrida em 2016, o que demonstra a rejeição à administração do PSB. Marilia Arraes e o PT conseguiram ir para o 2º turno muito em razão da fragmentação e da divisão da direita, que juntas somaram mais votos do que sua candidatura. A população não esqueceu que ambos estavam juntos na administração municipal.
João Campos não é alternativa porque é a continuidade dos governos de Geraldo Júlio e Paulo Câmara. É a continuidade do projeto que ataca o serviço público e os servidores, que não resolveu os problemas mais importantes e urgentes que a sociedade recifense padece há anos, que são a falta de emprego, moradia, saneamento, da saúde, da educação. João Campos não expressa nenhuma novidade, é expressão de tudo aquilo que combatemos. Na coligação do PSB coube todo tipo de partido, inclusive partidos da base de apoio do governo genocida de Bolsonaro e o partido dos seus filhos, o Republicanos, ou seja, João Campos e o PSB são um projeto a serviço dos ricos e inimigos dos trabalhadores e do povo pobre do Recife.
O governo, formado pelo PSB e PCdoB, foi um dos primeiros a aplicar, no Estado, a Reforma da Previdência de Bolsonaro, aumentando a alíquota da previdência para 14% achatando ainda mais o salário dos servidores, com os votos do PT, inclusive. Os governos de Paulo Câmara e de Geraldo Júlio, fizeram discurso de oposição ao Governo Federal no início da pandemia, contudo, não garantiram o isolamento social e as condições necessárias para que as pessoas pudessem ficar em casa durante a quarentena, resultando em quase 9 mil mortos no estado e no Recife. Agora, aplicam a mesma política genocida com o “liberou geral”, mesmo neste momento com forte indícios de aumento dos casos de contágio e mortes, como demonstra o aumento em mais de 70% da ocupação dos leitos de UTI.
Fez da saúde um negócio com a expansão do polo hospitalar concentrado na Ilha do Leite, um dos maiores do país, em que a maioria da população não tem acesso se não tiver um plano privado de saúde. Entregou as unidades básicas de atendimento à saúde às OS (Organizações Sociais), cujo escoamento do dinheiro público para iniciativa privada é oficializado e fonte de inúmeros denúncias de corrupção, levando ao sucateamento e o enfraquecimento do SUS. Não é à toa que Geraldo Júlio amarga 60% de rejeição ao seu governo e que a campanha de João Campos o escondeu o quanto pode.
Respeitamos o voto que muitos trabalhadores deram na candidatura do PT, mas achamos que Marília e o PT não são opção pra resolver os principais problemas da nossa classe.
Em fevereiro, técnicos de enfermagem e enfermeiras (os) fizeram greve e vigília em frente ao HR, pois gente com 18 anos de casa recebe menos que o salário mínimo. Paulo Câmara jogou a tropa de choque e muito gás lacrimogêneo. O PT não só permaneceu neste governo como se calou diante dessa truculência. E estes profissionais, um mês depois, foram a linha de frente no atendimento à população diante da pandemia e do caos da saúde do estado. O PT ocupa a Secretaria de Agricultura no governo Paulo Câmara com Dilson Peixoto. O papel cumprido pelo PT nessa secretaria é de defesa do latifúndio, dos usineiros, do agronegócio nos conflitos agrários, como no do município de Jaqueira na Zona da Mata, sul do estado.
Todas as mazelas que nossa população sofre teve não só o silêncio do PT, mas sua ajuda e conivência com o governo de Geraldo Júlio. Sobre as denúncias de corrupção na compra dos respiradores de porcos, o secretário de Saúde teve que andar com habeas corpus para não ser preso pela Polícia Federal. Vários secretários da PCR assinaram uma carta em solidariedade a ele, inclusive Oscar Barreto do PT, na ocasião secretário de Saneamento. A crítica que Marília Arraes fez a essa Secretaria, com menos de 2% do orçamento pra dar conta de 56% da população que não goza desse direito básico na cidade do Recife, é uma crítica ao seu próprio partido. O Recife é a capital da desigualdade, e o PT e PSB que disputam o 2° turno da prefeitura, são responsáveis pela enorme desigualdade pois governaram juntos esta cidade por anos.
O PT formalmente se coloca contra o governo genocida de Bolsonaro. Marília Arraes em praticamente toda a sua campanha não falou sobre esse governo genocida e a necessidade da classe trabalhadora de derrubá-lo como forma de garantir acesso ao tratamento contra a pandemia do coronavírus, pela manutenção do emprego e renda, da Educação e da Saúde pública. Marília e o PT trocam a luta mais importante da classe trabalhadora, que é o Fora Bolsonaro, para não perder votos entre quem ainda apoia esse governo.
Por outro lado, Marília Arraes enquanto deputada federal, votou nos projetos que ajudaram e muito os 42 bilionários do país que ficaram mais bilionários ainda, como o PL do Orçamento de Guerra, que destinou mais de 1 trilhão aos bolsos dos banqueiros que em nada reverteram essa “ajuda” para garantir empréstimos às pequenos empresas e comércio, que empregam 50% da mão de obra do país. E embora tenha votado pela retirada dos servidores da educação e da saúde, votou na PL 39/2020 que congela por 2 anos salário dos servidores públicos e qualquer outro investimento no serviço público.
Durante o 1° e agora no 2° turno, Marília Arraes vem reivindicando os 12 anos das gestões anteriores do PT na prefeitura do Recife como exemplo de combate às desigualdades. Será que foi assim?
A gestão de João Paulo, na época no PT, foi marcada pelos avanços das Parcerias Público Privada, com a aplicação da terceirização da merenda escolar na contratação de empresa privada de São Paulo. Também houve a implantação do RECIPREVI, conceito de previdência subordinada à capitalização, que significa uma ameaça à aposentadoria dos servidores públicos. Acabou com os quinquênios dos servidores públicos e aumentou o desconto da alíquota previdenciária. Ademais, perseguiu trabalhador, criminalizou os kombeiros para beneficiar os empresários de transporte coletivo, exonerou (demitiu), em 2007, a dirigente sindical Claudia Ribeiro por denunciar na imprensa nacional uma escola que funcionava num “cabaré” durante a noite em Casa Amarela. Este é o modo petista de governar que Marília Arraes reivindica, mas que na realidade não tocou na raiz dos problemas que fazem com que a nossa cidade tenha o infeliz título da mais desigual do país.
Na busca de votos no 2° turno, Marília tem se juntado e recebido apoio de políticos que representam o que há de pior da burguesia pernambucana. O grande empresário e latifundiário Armando Monteiro Neto, ex-presidente da patronal Confederação Nacional das Indústrias e que esteve com Mendonça Filho do Democratas no 1° turno, declarou apoio a Marília Arraes contra João Campos. Da mesma forma, a candidata do PT já se reuniu com o presidente estadual do Podemos que declarou voto em Marília. O Podemos é o partido da Delegada Patrícia apoiada por Bolsonaro no 1° turno. Por último, no dia 17 de novembro, apareceu uma foto de Marília Arraes e Anderson Ferreira, prefeito reeleitos por Jaboatão, comemorando o apoio dele à candidata do PT em Recife. O vale tudo por votos levou Marília Arraes e o PT a se apoiar na família Ferreira. Os Ferreiras são representante do Bolsonaro com a defesa da militarização das escolas, da LGBTfobia, do racismo como intolerância as religiões de matriz africana e do machismo.
Essas alianças de Marília e do PT com políticos da direita não são uma novidade. Durante os 13 anos que governou o Brasil, o PT também fez todo tipo de acordo com o que há de pior do esgoto da política brasileira. A novidade é que agora o PSOL é vice nessa chapa com o PT. Sabemos que tem muitos lutadores honestos no PSOL, mas pela direção do partido ter a mesma estratégia eleitoral de colaboração de classes e gestão eficiente do capitalismo, o PSOL fica “preso” a essa lógica de se juntar através da candidatura de Marília com políticos patronais. Ainda há tempo do PSOL romper com o PT e Marília Arraes antes que seja tarde e a história cobre seu preço de compor um governo que não vai governar para os trabalhadores.
Portanto, nós do PSTU, não vamos chamar aqueles que votaram em nós e principalmente não vamos chamar a nossa classe a confiar em quem está junto com PSB há anos aplicando essa política de falta de emprego, moradia, saneamento, sucateamento da saúde e educação e desvalorização dos professores. O Recife é a capital da desigualdade, e PT e PSB são responsáveis porque governaram juntos esta cidade por anos.
Por tudo isso, não é possível chamar voto no PT, porque estaremos dizendo que o chicote sobre as costas da classe trabalhadora e do povo pobre mude apenas mão. Nós do PSTU vamos votar nulo para prefeitura no Recife no 2° turno. Governe quem governe, nós seremos oposição a qualquer um deles e estaremos na linha de frente das lutas da classe trabalhadora sempre apresentando nosso programa e saída socialista e revolucionária como forma de libertar a humanidade da decadência e barbárie do capitalismo e seus representantes.