Roberto Aguiar, de Salvador (BA)
Para eleger seus candidatos à presidência da Câmara dos Deputados e do Senado, Bolsonaro liberou emendas parlamentares e negociou cargos e reabertura de ministérios. Em seguida, apresentou uma lista de projetos prioritários do governo com ênfase nas privatizações de estatais como Eletrobrás, Petrobras e Correios.
A equipe econômica ultraliberal capitaneada por Paulo Guedes tem pressa. Quer aproveitar a pandemia para passar a “boiada das privatizações”.
“Esse governo genocida quer entregar os Correios às multinacionais. Até agora os trabalhadores dos Correios e a população têm sido contra, já que é uma empresa lucrativa que cumpre um importante papel social em nosso país. Por isso, eles realizam uma campanha mentirosa, dizendo que a estatal é deficitária. Precisamos lutar em defesa dos Correios e de todas as empresas estatais”, defende Alexandre Nunes, secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Rio Grande do Sul (Sintect-RS).
Um levantamento feito pelo instituto Paraná Pesquisas mostra que mais da metade da população brasileira (50,3%) é contrária à privatização dos Correios. No Nordeste, esse percentual atinge 55,2% da população da região. A pesquisa mostra que em todas as regiões brasileiras a venda da estatal é rejeitada.
O governo diz que os serviços dos Correios são ruins, sem qualidade. Essa é uma tática usada há anos para justificar as privatizações. A realidade é maior que as mentiras do governo. A população é contra a privatização porque reconhece o serviço de qualidade e o papel social desenvolvido pela estatal.
CONFIRA
VERDADE x MENTIRA sobre os Correios
Veja as principais mentiras ditas por Bolsonaro.
“Correios entrega remédios e vacinas.”
VERDADE! Além do serviço postal, os Correios servem como banco postal. A estatal é fundamental na entrega de remédios e vacinas, como tem sido agora contra a COVID-19. A prova do Enem não é realizada sem a ajuda dos Correios e sua logística de entrega. Os livros do programa do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) chegam às escolas de todo o país pelos Correios, que também garantem a entrega das urnas nas eleições e realizam pagamento das aposentadorias onde não tem sistema bancário. A estatal exporta e importa, leva informação, emite documentos, entre outros. Independentemente do fato de esses serviços gerem lucro, são feitos porque se trata de uma empresa pública. Uma multinacional que só pensa no lucro vai manter esses serviços sociais?
Correios é uma estatal deficitária.”
MENTIRA! Os Correios geram lucro e nem sequer dependem de dinheiro público. Em 2017, a estatal lucrou R$ 667 milhões; em 2018, foram R$ 161 milhões; em 2019 foram R$ 102 milhões. Devido ao aumento de entregas de encomendas com a pandemia, a previsão é que o lucro de 2020 seja bilionário. A parcial de janeiro a setembro apontou lucro de R$ 836,5 milhões. Se o serviço postal e de encomendas não desse lucro, que empresa privada teria interesse nesse setor? Se as grandes multinacionais têm interesse é porque tem lucro sim.
“Há um monopólio nos serviços dos Correios.”
MENTIRA! O monopólio dos Correios se limita apenas ao serviço de cartas. Isso é constitucional, pois é a garantia do direito ao serviço postal de todos os brasileiros. Já no serviço de encomendas, como Sedex e PAC, empresas privadas também atuam. Mesmo nessa área, a estatal apresenta bons resultados (52% de sua receita).
“Correios têm problemas de logística.”
MENTIRA! A empresa é a única estatal brasileira presente em todos os municípios do país, garantindo serviço à população, sendo a agência lucrativa ou não. Com a privatização, esse caráter social desaparecerá, já que os grupos privados têm interesses apenas em agências que abrangem capitais ou grandes municípios, que apresentam serviços superavitários, deixando de lado as agências localizadas em cidades nas quais a atividade não é lucrativa, localidades que são atendidas de forma exclusiva pelos Correios e sem aporte de recursos da União.
CAMPANHA
Defender os Correios 100% público, estatal e sob controle dos trabalhadores
As multinacionais estão de olho nos Correios porque querem abocanhar o serviço de entrega de encomendas. No ano passado, do total de receitas da estatal, 22,1% vieram de serviços de Sedex e 21,3%, do PAC.
“A única preocupação deles é com lucro. É como faturar com serviço de encomendas que vem ampliando o mercado, com o desenvolvimento do comércio digital. A missão dos Correios de atuar em todos os municípios do país, garantindo uma integração nacional, além das funções sociais e humanitárias, serão descartadas em nome do lucro. Isso nós não podemos deixar acontecer”, afirma Raquel de Paula, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Vale do Paraíba (Sintect-VP).
Para Geraldo Rodrigues, o Geraldinho, da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect), é preciso realizar uma forte campanha em defesa da estatal. “Temos que ganhar a população pra essa luta, já que a maioria é contra a privatização. A venda da estatal vai acabar com os serviços prestados pela empresa no país e vai encarecer muito a entrega de encomendas. Também abre o caminho para a privatização das demais estatais”, ressalta.
“Os Correios devem ser 100% público e estatal, mantendo sua missão social, sob o controle dos trabalhadores, que sabem como funciona a empresa e podem administrá-la de acordo com as necessidades do povo”, finaliza Geraldinho.