Uma das saídas encontradas por Lula para amenizar a crise aérea foi a substituição do ministro da Defesa. Assim, no dia 25 de julho, o peemedebista Nelson Jobim assumiu a pasta, no lugar de Waldir Pires.

A direção da Infraero também foi substituída, para “inglês ver”. O engenheiro Sérgio Gaudenzi assumiu a vaga do brigadeiro José Carlos Pereira.

Agradecendo, Lula despachou Pires e garantiu mais um cargo no governo para o aliado PMDB. Jobim tem o perfil que o governo precisa: da base aliada, mas com um ótimo trânsito entre a oposição burguesa. O novo ministro foi elogiado pelo máximo líder tucano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo FHC, Jobim tem as condições para colocar “ordem na casa”.

O também tucano Antonio Carlos Pannunzio (SP), deputado líder do PSDB na Câmara, apreciou a escolha de Lula. Para ele, Jobim “traz a expectativa de mais competência e autoridade para assumir o lugar de Waldir Pires”. Pannuzio aconselhou a demissão de diretores. Cinicamente, opinou que “não fizeram nada para evitar a situação absurda que se instalou nos aeroportos e as mais de 350 mortes dos dois últimos dois grandes acidentes aéreos”, como se a desregulamentação do setor não tivesse começado com Fernando Henrique. Além do mais, o problema não é que “não fizeram nada”: é que fizeram acontecer todo o caos que agora se presencia.

Um homem de presidentes
Nelson Jobim é o quarto ministro da Defesa desde que Lula assumiu a Presidência. Lula, entretanto, não é o primeiro presidente a quem Jobim serve. De 1995 a 1997, foi ministro da Justiça de FHC. Foi justamente nesse período que ocorreu o massacre de Eldorado dos Carajás, em que 19 trabalhadores sem-terra foram mortos.

De todo o falatório de Lula, prometendo soluções milagrosas para a crise aérea – até a construção de um novo aeroporto que logo foi cancelada -, esta foi a única medida aplicada até o momento. Além, é claro, de gafes como o “top-top” de Marco Aurélio Garcia e a declaração de Lula, de que não sabia da gravidade da situação. Melhor para o governo, que acomoda a burguesia e, por tabela, já oferece mais um cargo para o PMDB, inclusive com condições de ser um nome na disputa para a sucessão de Lula.

O fato é que a essência do problema não só não está sendo atacada como está sendo aprofundada. No centro da crise está a desregulamentação do setor, a expansão sem limites das companhias aéreas – sem que se garantisse sequer segurança mínima – e, enfim, o lucro acima de tudo. Para “combater”, Lula resolve vender ações da Infraero, ou seja, privatizar a estatal.

Assim, mais uma vez, só o que mudam são os nomes. Para a população e os trabalhadores do setor, nada se resolve e tende a piorar.