A tragédia ocorreu na manhã do dia 19. O jovem trabalhador de 23 anos, Luis Felipe de Oliveira do Nascimento, morreu ao ser atropelado duas vezes por uma pá-carregadeira, na mina Casa de Pedra, em Congonhas (MG). A morte do jovem demonstra como o ritmo alucinante de trabalho, o excesso de horas extras e o assédio moral no local de trabalho podem levar a graves acidentes.

A mina Casa de Pedra encontra-se atualmente em expansão e deve se tornar a segunda maior mina do Brasil. Ela extrai hoje 22 milhões de toneladas de minério de ferro por ano para abastecer a Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda(RJ). Também exporta para outros países, em particular a China. A expansão da mina está orçada em mais de 9 bilhões de reais e ampliou ainda mais o ritmo de trabalho dos empregados da CSN.

O acidente expõe todos os problemas enfrentados pelos trabalhadores da mineração. Luis Felipe ganhava menos de seiscentos reais para circular a pé próximo às máquinas, colhendo amostras do minério extraído. Trabalhava numa jornada extenuante conhecida como “turno XY”. A máquina que o atropelou pertencia a uma empresa terceirizada e o local do acidente não fazia parte do projeto original da mina, sendo adaptado para manter a alta produtividade durante as obras de expansão. O baixo salário, a jornada extenuante, a terceirização irresponsável e a “expansão à qualquer custo” são os verdadeiros responsáveis pela fatalidade.

A burguesia da mineração, porém, não se sensibiliza com nada. No mesmo momento em que os trabalhadores choram mais essa morte, a CSN anuncia que todo um setor da manutenção elétrica, que trabalha com alta voltagem, não mais receberá o adicional de periculosidade. A Vale do Rio Doce, por outro lado, planeja substituir o turno de seis horas pelo turno fixo de oito horas, aumentando assim a jornada de trabalho e condenando toda uma turma ao trabalho noturno permanente.

Não há como esconder dos trabalhadores e da população local a verdade. Enquanto essas empresas continuarem privadas e voltadas para a lógica do lucro, os trabalhadores continuarão reféns das condições desumanas de trabalho nas minas. Seguirão enterrando e aposentando por invalidez as vítimas de incontáveis acidentes de trabalho. Somente a reestatização da Vale e da CSN pode transformar a mineração em um trabalho seguro, que não destrua nem homens nem a natureza e extraia de forma racional e responsável matéria prima tão valiosa para toda a humanidade.