Correio Internacional – publicação da LIT-QIA crise econômica continua a se aprofundar. E, com ela, ampliam-se os duríssimos ataques das empresas e dos governos contra os trabalhadores de todo o mundo. Eles querem descarregar nas costas dos trabalhadores o custo da crise e recuperar os lucros perdidos.

Os trabalhadores são os únicos que não têm nenhuma responsabilidade pela explosão da crise. Porém, são os que mais sofrem suas consequências.
Ainda que os governos injetem trilhões de dólares para ajudar bancos e empresas à beira da falência, nenhum centavo desse dinheiro vai para o bolso dos trabalhadores. Assim, fica claro o que querem dizer os capitalistas quando falam em “dividir os custos da crise”.

Evidentemente, o principal ataque que estão recebendo os trabalhadores são as demissões em massa e o brutal aumento do desemprego. A estimativa dos órgãos internacionais somente nesta primeira fase da crise era de 50 milhões de desempregados em todo o mundo. Porém, os dados de 2008 e 2009 dos EUA, da Europa, da China, do Brasil e de outros países indicam que essa cifra será possivelmente superada. Junto com as demissões massivas, as empresas aproveitam o aumento do desemprego e seu fantasma para exigir de seus empregados que aceitem a redução de salários, a perda de conquistas, a aplicação do banco de horas, etc.

Os governos burgueses, incluídos os dos países imperialistas, não só aprovam como impulsionam que as empresas adotem essas políticas. No Brasil, o governo de Lula, enquanto a Embraer demitia 4.270 operários, manteve financiamento à empresa através de créditos do BNDES concedidos àqueles que compram os aviões fabricados pela Embraer. Nos EUA, Barack Obama, tão generoso com os bancos e as companhias de seguros sem condição alguma, exige da General Motors e da Chrysler que façam um “plano de remodelação” (que inclua fechamento de fábricas, redução de milhares de postos de trabalho e aumento do ritmo de exploração) como condição para liberar o dinheiro do Estado que lhes permitiria evitar a falência. De toda a forma, o castigo pela má situação das empresas não recairá sobre os acionistas e executivos, mas sobre os seus empregados.

A primeira tarefa dos revolucionários frente a essa situação é explicar pacientemente aos trabalhadores e às massas que a crise e suas consequências são produto inevitável do sistema capitalista e que a burguesia, tanto em nível nacional como internacional, tentará por todos os meios descarregá-la nas costas dos trabalhadores. Por isso, não há interesses comuns entre os trabalhadores e a burguesia. Devemos explicar também como os governos, inclusive aqueles que aparecem como mais “populares”, com suas medidas e políticas “anticrise”, defendem os interesses da burguesia contra os trabalhadores.

Em segundo lugar, é necessário explicar que a única saída real para o proletariado e os povos explorados do mundo é a revolução socialista mundial. Esta começa pela tomada do poder e a implementação de um governo dos trabalhadores em seus próprios países, para aplicar planos econômicos que não estejam a serviço dos lucros dos patrões, mas para satisfação das necessidades do conjunto do povo. Sem essa perspectiva, todas as conquistas parciais que consigamos se perderão rapidamente e as mais heroicas lutas terminarão num beco sem saída.

É exatamente durante uma crise dessa profundidade que se torna mais fácil explicar a necessidade de uma mudança na raiz do sistema capitalista imperialista. Sua verdadeira essência destrutiva fica muito mais clara. E fica mais fácil mostrar a necessidade das medidas do programa socialista.

Mas devemos assinalar com total clareza que a crise econômica por si mesma não levará à queda do capitalismo, menos ainda ao triunfo da revolução socialista. Se a classe operária não der sua própria resposta, é muito provável que o capitalismo encontre uma nova “estabilidade”, baseada em níveis ainda piores de barbárie e desumanidade.
O mundo que surgirá como resultado desta crise dependerá da luta de classes. Do nosso ponto de vista, da ação dos trabalhadores e das massas e do surgimento de uma direção revolucionária capaz de conduzir esta luta. Tanto a resposta dos trabalhadores como a construção dessa direção revolucionária, portanto, só serão possíveis através da luta e da mobilização.

O primeiro passo dessa luta e mobilização começa pela resposta aos ataques das burguesias e dos governos. Um processo que já começou em vários países, mas que ainda não está à altura do que a realidade exige. Por isso, outra grande tarefa é impulsionar, em cada país, uma resposta unificada de luta a esses ataques.
Propomos o seguinte programa para essas lutas contra a crise e suas destrutivas consequências, sabendo que ele deverá adaptar-se à realidade concreta de cada país:

Luta contra as demissões e o desemprego;

Pela redução de jornada de trabalho sem redução de salários;

Em defesa dos salários e da luta contra os cortes de direitos e conquistas;

Contra o aumento da jornada de trabalho, a precarização das condições de trabalho e o aumento da carga de trabalho;

Luta contra a xenofobia e em defesa dos direitos dos imigrantes;

Contra a criminalização dos movimentos sociais;

Contra a política econômica dos governos.

Nos países colonizados pelo imperialismo, devemos enfatizar a luta contra os planos de recolonização imperialista e pela independência nacional, como o não pagamento da dívida externa, a ruptura com o FMI e seus planos de ajuste, a nacionalização das empresas imperialistas, entre outras medidas.

As mobilizações que permitam a utilização dessas palavras de ordem, em resposta às necessidades concretas, são as que permitirão estabelecer uma ponte para as palavras de ordem mais avançadas, como a nacionalização sob o controle dos trabalhadores dos principais ramos da economia. Ou seja, elas representam a transição para a saída socialista da crise.

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