Redação

No último dia 30, o Exército de Israel levou preso Mahmoud Nawajaa, coordenador geral do Comitê Nacional Palestino do Movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS). O BDS é uma coalizão que lidera o movimento global BDS por justiça, liberdade e igualdade ao povo palestino. Soldados israelense invadiram a casa de Mahmoud no meio da madrugada, levando-o algemado e vendado.

Omar Barghouti, cofundador do movimento BDS, declarou: “O regime de ocupação militar e apartheid de Israel está tentando, desesperadamente, aterrorizar palestinos que apoiam o BDS e suas famílias depois de não conseguir desacelerar o crescimento do movimento. Nós chamamos a todos os ativistas do movimento BDS ao redor do mundo a reforçarem ainda mais as campanhas BDS para responsabilizar Israel.

A prisão política do companheiro Mahmoud é parte da rotineira repressão à resistência palestina por parte do Estado racista de Israel. No caso, um ataque direto ao movimento BDS, para intimidação. Mostra o sucesso da campanha, cujas vitórias importantes ao longo de 15 anos têm impactado a economia da ocupação, erigida sob o sangue palestino, mediante limpeza étnica que já dura mais de 72 anos – desde a Nakba (a catástrofe palestina com a criação de Israel em 1948).

Na mesma linha, Israel conta com um organismo especialmente voltado a minar e criminalizar o BDS. Nessa direção, entre outras ações, o Parlamento sionista aprovou uma lei para criminalização de ativistas de BDS em 2011, impedindo sua entrada na Palestina ocupada. Também tem garantido a aprovação de leis afins em estados americanos e na Europa.

A prisão política de Mahmoud e essas ações repressivas demonstram a força da principal campanha de solidariedade internacional e o temor do regime israelense de apartheid. Além de exigir a imediata libertação de Mahmoud – e de todos os 5 mil presos políticos palestinos, entre os quais crianças e mulheres, submetidos a maus tratos, incluindo tortura institucionalizada –, a melhor resposta é fortalecer todas as ações da campanha chamadas pelos palestinos, como por embargo militar a Israel. Portanto, exigir que governos rompam acordos militares com Israel, os quais têm derramado sangue palestino e negro.

Esse é chamado que fazemos neste momento. Denunciem em suas redes sociais com a hashtag #FreeMahmoud, chamando por BDS, e fortaleçam esse movimento. Não vão nos calar! Resistimos! Palestina livre, do rio ao mar!

Parlamentares fazem requerimentos de Informação sobre armamento israelense 

Nos dois últimos dias, parlamentares do PSOL e do PT protocolaram requerimentos de informação questionando os Ministérios da Defesa e da Justiça e Segurança Pública, e as Secretarias de Segurança Pública de oito estados brasileiros e do Distrito Federal sobre as relações comerciais e de cooperação com Israel e empresas israelenses nas áreas de defesa e segurança. As autoridades deverão informar, por exemplo, se as polícias civis, militares, a Força Nacional, a Polícia Federal e as Forças Armadas fazem uso de armamentos israelenses ou realizaram treinamentos naquele país.

Esta onda de Requerimentos de Informação ocorre cerca de um mês após mais de 300 figuras públicas e parlamentares latino-americanos publicarem um manifesto que condena os planos israelenses de anexação de jure da Cisjordânia, e endossa o chamado de organizações da sociedade civil palestina por um embargo militar a Israel.

A iniciativa foi articulada por movimentos sociais e organizações da sociedade civil que integram o movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), no contexto do 5º Julho Negro. O evento, organizado por movimentos de favelas, de mães e de familiares de vítimas da violência de Estado no Rio de Janeiro, foi realizado virtualmente nesta semana. Gizele Martins, comunicadora social da favela da Maré e uma das organizadoras do Julho Negro, afirma que “a luta contra o racismo e a militarização é global e não se pode aceitar que táticas e tecnologias desenvolvidas sobre o povo palestino ajudem a matar e reprimir ainda mais no Brasil”.

Os movimentos sociais e organizações envolvidas esperam que mais parlamentares de outros estados se somem à iniciativa nos próximos dias. Segundo Soraya Misleh, representante da Frente em Defesa do Povo Palestino de São Paulo, “é urgente escutar o chamado do povo palestino por solidariedade através do embargo militar e denunciar os laços entre o regime israelense de ocupação, colonização e apartheid com o racismo e a militarização no Brasil”.