Não se via uma mobilização tão forte na cidade há 10 anos
No dia em que milhares de pessoas foram às ruas no Brasil inteiro, a juventude e os trabalhadores de Belém também deram seu recado. Aproximadamente, 15 mil manifestantes marcharam e pararam a maior avenida da cidade para exigir uma #BelémLivre. O ato que inicialmente fora pensado para cobrar respostas sobre o BRT e em solidariedade aos estudantes de São Paulo e do Rio de Janeiro em luta contra o aumento das tarifas dos transportes públicos e contra a repressão policial extrapolou a pauta e revelou toda a insatisfação dos belenenses contra as injustiças sociais e a corrupção. Assim como no resto do Brasil, a manifestação entrou para a história. Não se via uma mobilização tão forte na cidade há 10 anos.
A concentração do ato iniciou por voltas das 16h, na Praça do Operário, no movimentado bairro de São Brás, e seguiu, a partir das 18h, da Avenida Almirante Barroso até o Entroncamento. Foram mais de três horas de caminhada por um percurso de seis quilômetros, refletindo a indignação da juventude e dos trabalhadores com o descaso dos serviços públicos na cidade.
Para o vereador Cleber Rabelo, a luta contra o aumento das tarifas de ônibus e por um transporte público de qualidade foi apenas o estopim para que a população se indignasse. “Esse ato massivo é reflexo de todos os ataques que os trabalhadores recebem dos governos de plantão. Desde a educação, que não recebe investimento e por isso temos escolas públicas sucateadas, até a saúde pública que está um caos, com as pessoas morrendo na porta dos hospitais e mais recentemente com a morte de 25 crianças na Santa Casa (…) Essa luta é a luta pela melhoria dos serviços públicos”, disse.
Não é a Turquia, não é a Grécia. É o Brasil saindo da inércia
Além dos temas mais centrais como saúde, educação e transporte de qualidade, outros questionamentos foram levantados. A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, as obras da Copa do Mundo e a corrupção também foram alvos de diversas palavras de ordem dos manifestantes que questionavam a prioridade dos investimentos dos governos Federal, Estadual e Municipal. “A população brasileira, principalmente hoje, toma para si os exemplos da Turquia, Grécia e Síria e questionam a ordem deste sistema. A juventude e os trabalhadores de Belém e do Brasil mostraram que tem força e capacidade para resistir e lutar contra aqueles que os oprimem e massacram diariamente”, afirmou Rabelo.
Unificar as lutas… contra os governos!
Infelizmente, durante a gigante manifestação, alguns setores se indignaram mais com as bandeiras do PSTU do que com o descaso com os serviços públicos. Levantando a questão “apartidária”, tais setores construíram, durante o ato inteiro, um outro ato: contra os militantes do partido. Foram vaias, xingamentos e ameaças aos militantes que estavam tentando somar a luta. Entendemos a desilusão de ativistas honestos com os partidos políticos sujos na lama da corrupção. Mas afirmamos que o PSTU sempre esteve nas lutas em defesa dos trabalhadores contra a falta de investimentos na saúde, educação e moradia; contra as privatizações e terceirizações; contra o sucateamento dos serviços que deveriam ser gratuitos e de qualidade à população.
Segundo Cleber Rabelo, essas atitudes, além de perigosas, mais enfraquecem o movimento do que, de fato, o constrói. “O discurso ‘anti-partido’ tem um lado e nós não podemos nos enganar. É o lado dos empresários, dos ricos e poderosos que sempre nos dizem para não nos metermos em política. O nosso partido atua ao lado dos trabalhadores há quase vinte anos e faz parte da construção de milhares de greves, atos, ocupações. Temos orgulho disso e continuaremos levantando a nossa bandeira e a bandeira do socialismo”.