É preciso mudar o país, e isso é impossível continuando a pagar a dívida. Evidentemente, isso teria que ser parte de um plano anticapitalista que rompesse com o FMI e expropriasse as grandes empresas, começando pelos bancos. Nesse marco, a utilização alternativa do dinheiro hoje pago aos banqueiros pode dar uma idéia de como seria possível encarar os problemas sociais do país e resolvê-los.

Os R$ 480 bilhões de juros que devem ser pagos pelo governo Lula, poderiam financiar esse plano econômico dos trabalhadores, que poderia resolver, ou avançar na solução, dos gravíssimos problemas de desemprego, habitação, reforma agrária, educação e saúde.
Um plano de obras públicas para a construção de casas populares poderia abarcar os trabalhadores desempregados do país, resolvendo dois problemas sociais conjuntamente. Seriam necessários cerca de seis milhões de casas populares para resolver o déficit habitacional nacional. A um custo de R$ 12 mil cada (casa de dois quartos, de acordo a estudo da UFRGS), poderiam ser construídas casas em um mutirão nacional, a um custo total de R$ 72 bilhões.

Uma reforma agrária real implica na expropriação dos latifúndios, associada a uma verba para financiar o assentamento dos sem-terra. A Auditoria Cidadã da dívida calcula em R$ 17,5 mil o custo desse assentamento por família, caso não se conte o custo da terra (que seria expropriada). Incluindo 4,5 milhões de famílias sem-terra, teríamos um grande projeto real de reforma agrária, qualitativamente distinto do imobilismo atual, e sob controle do próprio movimento. O custo deste projeto, tão importante para o país, ficaria em R$ 78,5 bilhões.

É fundamental investir em saúde e educação. Para isso, seria possível duplicar o orçamento de 2005 para a educação (R$ 21 bilhões). Essa proposta inclui a duplicação do orçamento das universidades públicas, e não o financiamento atual das universidades particulares com o Prouni. Além disso, um amplo plano de educação fundamental, que possibilite a elevação cultural de nosso povo e a valorização dos professores e funcionários das escolas.

A duplicação do orçamento da saúde deste ano (R$ 40,5 bilhões), associada à expropriação das empresas privadas, possibilitaria uma saúde pública e de qualidade para o povo, e não a vergonha atual do enriquecimento dos convênios particulares.
O custo total da duplicação do Orçamento da educação e saúde nos quatro anos seria de R$ 244 bilhões.

A soma dessas iniciativas, qualitativas para os problemas sociais do país, custaria R$ 394,5 bilhões, praticamente R$ 100 bilhões a menos do que os gastos do governo só com os juros das dívidas. Isso comprova que não falta dinheiro, o problema é com quem fica esse dinheiro. Hoje, com o apoio fundamental do governo Lula e o apoio da oposição burguesa, fica com os banqueiros e grandes empresários.
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