Estudantes da UnB ocupam reitoria, questionam o modelo de universidade que vem sendo implementado por Lula e incendeiam o movimento estudantilNo ano passado, os estudantes voltaram a se mobilizar. A ocupação da reitoria da USP contra os decretos de Serra foi o ponto de partida de um novo movimento estudantil, que sacudiu as universidades de todo o país. A partir daí foram atos, greves, manifestações e dezenas de ocupações de reitorias. Assim foi nas universidades federais, onde os estudantes protagonizaram inúmeras ocupações contra o decreto de Lula, o Reuni. Também nas universidades privadas assistimos à greve dos estudantes da Fundação Santo André e a ocupação da reitoria da PUC-SP contra o Redesenho Institucional.

O ano de 2008 começou mostrando que estavam errados aqueles que diziam que essas lutas eram passageiras. O movimento estudantil demonstrou que tem fôlego de sobra para seguir lutando e arrancando conquistas. Foi o que ocorreu na UnB (Universidade de Brasília). O escândalo de corrupção envolvendo a Fundação Privada da universidade (Finatec) e o reitor, Timothy Mulholand, foi a faísca que incendiou os estudantes.

Não é para menos. O reitor da UnB usou verbas que eram destinadas à pesquisa na reforma de seu apartamento funcional. Timothy comprou com as verbas da universidade até uma lixeira que custava mil reais.

Fora Timothy, Mamiya e Companhia
Os estudantes não ficaram parados diante dos escândalos. No dia 3 de abril, realizaram um grande ato e ocuparam a reitoria exigindo a renúncia do reitor. A partir daí, foram realizadas novas assembléias, debates e manifestações. A ocupação se tornou notícia Brasil afora. Estudantes de todo o país se posicionaram a favor da ocupação. Nove dias depois, o vice-reitor, Mamiya renunciava. No dia seguinte, o reitor Timothy e todo o decanato também renunciaram.

A renúncia de Timothy, Mamiya e cia. foi uma grande vitória e demonstrou a força do movimento. A partir da queda do máximo dirigente da universidade, toda a estrutura universitária começou a ser questionada. A luta dos estudantes da UnB já levantava bandeiras mais altas.

Eleições diretas e paritárias já! Por um Congresso Estatuinte Paritário
A esta altura, os estudantes já estavam questionando toda a estrutura autoritária e o modelo privatista da universidade. Assim, a pauta do movimento exige a abertura das contas das Fundações Privadas, eleições diretas e paritárias para reitor e um Congresso Estatuinte Paritário. Além disso, os estudantes exigem que a implementação do Reuni seja interrompida, e que haja um amplo debate seguido de um plebiscito oficial para que os estudantes, funcionários e professores possam definir sobre a adesão ao decreto.

Na última assembléia, realizada no dia 14, após a queda do reitor, os estudantes decidiram que só irão desocupar a reitoria após a aprovação das eleições diretas e paritárias para reitor e o Congresso Estatuinte Paritário. Até lá, o calendário prevê debates, assembléias e atos no Conselho Universitário.

Unificar as lutas contra os ataques
Enquanto os estudantes da UnB ocupavam sua reitoria, no resto do país os estudantes protagonizavam importantes lutas. Na UFMG a reitoria também foi ocupada, após o reitor autorizar a entrada da Polícia Militar no campus para reprimir estudantes que assistiam a um filme sobre a legalização das drogas. Depois do compromisso da reitora de que os estudantes não seriam punidos, eles desocuparam o local.

Na UFRJ, um grande ato ocupou o Conselho Universitário e impediu a aprovação do Plano Diretor, parte do pacote do Reuni para a universidade. Isso sem falar na luta dos estudantes da PUC-SP contra o Redesenho Institucional, a versão genérica do Reuni para esta universidade.

É preciso unificar as lutas do movimento estudantil. As lutas na UnB, UFRJ, UFMG e da PUC-SP são parte de uma mesma luta contra o projeto de universidade que vem sendo implementado desde o governo FHC: uma universidade antidemocrática, autoritária e corrupta a serviço das grandes empresas. Esse modelo tem sido aprofundado com a reforma Universitária e o Reuni do governo Lula.

O movimento estudantil deve construir uma pauta que se oponha globalmente a esse modelo de universidade voltada para os interesses do mercado. É preciso unificar nossas lutas contra o Reuni, as fundações privadas e em defesa de uma universidade pública, democrática, gratuita e a serviço dos trabalhadores.

Post author Emiliano Soto, da Secretaria Nacional de Juventude do PSTU
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