Rodrigo Barrenechea, do PSTU-RS

Rodrigo Barrenechea, do PSTU (RS)

O cinema, mais uma vez, perde um pouco da sua graça. Faleceu em Roma, na madrugada deste dia 6, aos 91 anos, Ennio Morricone. Autor de trilhas sonoras inesquecíveis, o compositor e arranjador estava internado em uma clínica italiana, após uma queda quando quebrou o fêmur.

Morricone é, junto com John Williams e Danny Elfman, um dos nomes mais conhecidos na composição de trilhas sonoras para o cinema. Se Williams nos brindou com Star Wars e ET, e Elfman com as trilhas de Batman e Os fantasmas de divertem, Morricone se especializou nos faroestes spaghetti, em particular os filmes de Sergio Leone. Entre as produções que musicou, destacam-se Por um punhado de dólares (1964), Por uns dólares a mais (1965), Era uma vez no Oeste (1968) e Era uma vez na América (1984), incursão de Leone no tema da máfia nos EUA. Além disso, trabalhou com outros diretores, como Pier Paolo Pasolini – compondo as trilhas de Teorema (1968), Decameron (1971) e Saló ou 120 dias de Sodoma (1975) – e em grandes sucessos do cinema, como A classe operária vai ao paraíso (1971), de Elio Petri, 1900 (1976), de Bernardo Bertolucci, A missão (1984), de Roland Joffé, e Os intocáveis (1987), de Brian de Palma.

Morricone e Sergio Leone

Andou meio esquecido pelos grandes estúdios de Hollywood, até ser reabilitado por Quentin Tarantino. Compôs para ele as trilhas de Bastardos Inglórios (2009) e Os oito odiados (2015), pelo qual recebeu um Oscar no ano seguinte. Além disso, já havia recebido um prêmio especial da Academia pelo conjunto da obra em 2007, e o Prêmio Princesa de Astúrias, isso há apenas alguns dias, junto com John Williams.

Nascido em 1928, formou-se em Roma como trompetista. Nos anos 1940, começa a compor trilhas para filmes, mas só na década seguinte que seu trabalho alcança reconhecimento, tornando-se um dos mais requisitados compositores, primeiro do cinema italiano, depois para Hollywood. Antes do Oscar por Os oito odiados, concorreu ao prêmio da Academia por outras cinco vezes, sem nunca levar a estatueta. Deixou a esposa, Maria Travia, com quem era casado desde 1956, e 4 filhos.

É importante pontuar, num momento onde o cinema está tendo de se reinventar mais uma vez – a indústria já passou pelo videocassete, o DVD, o fechamento dos cinemas de rua e agora enfrenta o streaming do Netflix e semelhantes –, que Morricone é um dos nomes que nos lembra do cinema do século XX, grandioso e sedutor. Uma indústria com a cara do século passado, que ainda movimenta bilhões, mas que anda perdendo espaço para outras formas de entretenimento. E que aqui no Brasil, em especial, nunca teve grande incentivo dos governos e é tratada de forma bastante desleixada, correndo o risco de se perder o patrimônio produzido com a falta de cuidado e desrespeito aos trabalhadores do cinema.