Duas em cada três pessoas têm alguma dívida a pagarUma pesquisa feita pelo instituto Ipsos, encomendada pela ACSP (Associação Comercial de São Paulo) e divulgada no dia 9, revelou que cerca de 32% dos brasileiros não planejam ir às compras neste final de ano. Esse percentual aumentou em 60%, já que em agosto, 20% dizia não pretender comprar nada em dezembro.

Mesmo entre aqueles que pretendem comprar algo neste fim de ano, a imensa maioria, cerca de 52%, não gastará em brinquedos ou presentes, mas apenas em roupas e calçados. A pesquisa consultou mil pessoas de 70 municípios em nove regiões metropolitanas do país.

As causas
Na mesma pesquisa é possível identificar as causas desse recuo no consumo. O problema é que o brasileiro está endividado, sem emprego ou subempregado. Em torno de 66% das pessoas consultadas disseram que não recebem 13º salário, o que aponta para um grande número de trabalhadores subempregados e sem direitos trabalhistas.

Mas, mesmo entre os que recebem 13º, as compras de Natal estão comprometidas. Para 48% dos entrevistados, o dinheiro servirá para quitar dívidas acumuladas durante o ano. E há aqueles que, mesmo sem dispor do 13º ou usando-o para pagar dívidas, pretendem fazer as compras de Natal para pagar depois, já iniciando 2006 com infindáveis crediários e dívidas. Muitos desses fizeram a alegria dos bancos, que descobriram o filão de adiantar o 13º para as pessoas, pagando apenas um parte dele e abocanhando o restante.

Esses dados apenas confirmam que, enquanto os parlamentares embolsaram milhões em mensalões desviados das verbas públicas, a miséria e o desemprego aumentaram para a maioria dos trabalhadores. Enquanto o superávit primário apertou as contas para que os recursos do país servissem ao pagamento dos juros da dívida, empregos não foram gerados, não houve reforma agrária e os salários se defasaram. O resultado foi a queda de 1,2% no PIB do trimestre passado, que não pode ser atribuída à crise política.

O Natal magro de 2005 é o triste balanço do governo corrupto e neoliberal de Lula, que voltará a pedir os votos da classe trabalhadora em 2006. É também a lição de que as eleições não mudam a vida e que para mudar o país é preciso a luta dos trabalhadores.