LIT-QI

Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional

Não é verdade que Cuba não tinha ou não tem outra alternativa a não ser cair nos braços do capitalismo mundial. Se os impressionantes recursos gerados pela indústria turística, pela produção e reservas de níquel, pela produção de açúcar, café e tabaco estivessem novamente nas mãos do Estado, e se este voltasse a funcionar com base em uma economia planificada, seria suficiente, no mínimo, para que os cubanos tivessem acesso aos alimentos e aos medicamentos.

Claro que, por mais que expropriasse a nova burguesia nacional e as empresas imperialistas, seria impossível para Cuba, de forma isolada, superar os países capitalistas da região e muito menos as grandes potências imperialistas. Mas por que Cuba teria que continuar isolada? Explodiram dezenas de revoluções em todo o mundo contra o capitalismo. O que aconteceria se a direção cubana apoiasse essas revoluções para que triunfassem? Cuba não ficaria isolada. Por exemplo, na Líbia, as massas estão levando a cabo uma revolução armada contra o ditador Kadafi muito similar à que os cubanos fizeram contra o ditador Batista no fim da década de 1950. O que aconteceria se a direção cubana apoiasse essa revolução? As possibilidades de vitória seriam muito superiores e, dessa forma, Cuba ficaria cada vez menos isolada. Mas, lamentavelmente, já faz muitos anos que a direção cubana não quer “novas Cubas”, por isso foi contra a expropriação da burguesia na Nicarágua e em El Salvador, e agora é contra a expropriação dos fabulosos bens do Coronel Kadafi. Pior ainda, está a favor do genocida.

Não é verdade que Cuba não tinha outro caminho a não ser abraçar o capitalismo. Quem não tinha outro caminho é a direção cubana por não ter defendido, há várias décadas, o caminho da revolução internacional e, sim, o da coexistência com o capitalismo.

Cercar os trabalhadores e o povo cubano de solidariedade
Chamamos os operários, os camponeses, os estudantes e os intelectuais, da América Latina e do mundo, a ser solidários com um povo cubano que está passando fome, suportando uma brutal ditadura, e que está sendo ameaçado de ser massacrado quando começar a se levantar contra os seus exploradores e opressores.

Essa solidariedade deve começar por conhecer e divulgar o que realmente acontece em Cuba. Isso será uma barreira importante para evitar que os futuros lutadores cubanos sejam acusados de agentes da CIA e, com esse pretexto, sejam feridos, presos ou fuzilados, como está fazendo Kadafi, o amigo dos irmãos Castro.

Estendemos este chamado ao conjunto das direções das organizações de esquerda, inclusive àquelas que são defensoras do atual regime. Fazemos isso porque acreditamos que essas organizações, que estão sendo cúmplices da brutal exploração imposta aos trabalhadores cubanos, ainda não mancharam suas mãos com o sangue desses trabalhadores.

Chamamos, em especial, os milhares de ativistas honestos que em toda a parte do mundo, sem conhecer bem a realidade cubana, acreditam que Cuba é o bastião do socialismo.

Pode ser que não confiem no que dizemos, porque, embora sempre estivemos do lado da revolução cubana, nunca defendemos o regime dos irmãos Castro. Por isso, insistimos em que se informem pelos seus próprios meios e que, se for possível, viajem a Cuba para ver como vivem e o que pensam os trabalhadores e o povo cubano, para assim verificar se o que estamos dizendo nesta declaração corresponde à verdade ou não.

O regime cubano está manchando as gloriosas bandeiras do socialismo
Talvez o mais nefasto de tudo o que acontece em Cuba é o fato de que o governo justifica todo o seu projeto contrarrevolucionário (restauração do capitalismo por meio de uma brutal ditadura) em nome do socialismo. Isso provoca estragos na consciência das massas, em primeiro lugar das próprias massas cubanas.

Em Cuba, resta muito pouco, ou quase nada, da revolução. A revolução agora só pode ser encontrada nos museus, e os seus símbolos – os retratos de Che, de Fidel e de Camilo Cienfuegos – transformaram-se em suvenires, mas só para os turistas, porque, por mais que se procure, é praticamente impossível encontrar um jovem cubano com uma camiseta com o retrato de Che Guevara, com uma bandeira cubana e menos ainda com o retrato de Fidel.

Mas, além disso, a nefasta política do governo e do Partido Comunista faz com que muitos se afastem não só do governo, mas também do socialismo, porque é inevitável que, lamentavelmente, muitos pensem: “se isto é o socialismo, eu não sou socialista,” ou, pior ainda, que digam: “se isto é socialismo, sou a favor do capitalismo”.

No entanto, não temos o direito de ser pessimistas. As revoluções que derrubaram as ditaduras dos partidos comunistas do Leste Europeu, as mobilizações de massas da Europa e a revolução árabe não nos dão esse direito. Nem mesmo em Cuba, porque, embora seja verdade que a Revolução de 1959 só possa ser encontrada nos museus, também é verdade que está se gestando uma nova e poderosa revolução, contra o atual regime ditatorial e restauracionista. Por enquanto, ela se expressa em descontentamento contra a ditadura, mas não vai demorar muito tempo para que esse descontentamento, que já está se transformando em ódio em muitos setores, se transforme em ação. E, quando isso acontecer, se entenderá por que os cubanos têm tanto orgulho de seu povo e do seu país, apesar das humilhações diárias a que são submetidos.

Comitê Executivo Internacional da LIT-QI (Liga Internacional dos Trabalhadores – IV Internacional)
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