PSTU-BA

O governo do Estado fará uso dos hospitais Espanhol e do Santa Clara durante a pandemia do coronavírus. Os dois hospitais privados estão fechados. O Espanhol tem uma dívida imensa com mais de 2.800 trabalhadores. Neste hospital, serão construídos 160 leitos, entre apartamentos de internações e UTIs

Professor Taylan Santana, PSTU Bahia

A Bahia foi um dos primeiros estados no Brasil notificado pela existência de casos do coronavírus. Hoje, são 76 pacientes confirmados com coronavírus, sendo 46 em Salvador. A pandemia tem escancarado o colapso da saúde pública estadual. Os serviços insuficientes e já sucateados não suportam o contingente populacional (15 milhões de pessoas, de acordo com o IBGE). Situação essa, aprofundada com os ataques impostos pelo governador Rui Costa (PT) aos servidores baianos, em especial os profissionais de saúde, através da Reforma da Previdência.

A crise do coronavírus derruba por terra a falsa propaganda do governo estadual do “tamanho G” de seus investimentos. Atualmente, a Bahia não dispõe de grandes hospitais suficientes para atender a demanda, o que deve levar esse déficit a entrar em colapso com a crescente dos casos de coronavírus.

O modelo de saúde do governo petista além de precário é centralizador. Os maiores hospitais são concentrados em Salvador – Hospital Geral do Estado (HGE) e Hospital Roberto Santos (HRS). O único hospital de grande porte em todo o interior da Bahia está localizado na cidade de Feira de Santana – Hospital Clériston Andrade. Outro agravante é o modelo privatista adotado por Rui Costa. Todos os hospitais regionais (médio porte) são geridos por organizações Sociais (OSs).

Diante da gravidade da situação e da iminência do aumento da contaminação e transmissão do coronavírus, Rui Costa, solicitou à justiça a utilização da estrutura do Hospital Espanhol, para o tratamento dos pacientes com coronavírus. A unidade hospitalar privada está fechada desde 2014. O governo estadual também requisitou o uso do prédio do antigo Hospital Santa Clara.

A requisição do uso dos hospitais privados, à primeira vista, é progressiva, pois são estruturas já construídas, que estão sem uso. Contudo, se torna uma política reacionária e a favor dos grupos empresariais, pois milhões de dinheiro serão investidos e, depois da pandemia, os prédios serão devolvidos aos donos.

No caso do Hospital Espanhol a situação é pior.  A Real Sociedade Espanhola de Beneficência, dona do hospital, acumula, desde 2013, uma dívida de R$ 480 milhões. Com o fechamento da unidade, cerca de 2.800 funcionários foram dispensados e estão à espera das indenizações. Do total da dívida de quase meio milhão, R$ 179 milhões são na área trabalhista, prejudicando milhares de trabalhadores.

Mesmo assim, no final do ano passado, os donos do Hospital Espanhol receberam um milionário empréstimo de R$ 53 milhões, com recursos estaduais, com a anuência de Rui Costa, que governa na lógica do capital, a favor dos ricos. Em entrevista à imprensa, Rui Costa ainda teve a cara de pau de dizer: “vamos entregar o hospital melhor do que encontramos”. Melhor para os donos do Espanhol e Santa Clara, que receberão investimentos “tamanho G” do Estado, enquanto a saúde pública segue em sucateamento por parte dessa política privatista.

Estatização já

Rui Costa tem que estatizar o Hospital Santa Clara e o Espanhol já. Não podemos aceitar investimentos do dinheiro público em empreendimentos privados que tem dívida com o Estado e com os trabalhadores. Esses hospitais desativados já não cumprem sequer a função social da propriedade, e por isso devem ser colocados a serviço do povo baiano, sem direito a indenização aos seus donos.

Ademais, a desapropriação do Hospital Espanhol, emitida pela Procuradoria Geral do Estado da Bahia (PGE), não pode ser transitória e temporária. Tem que ser pra sempre. O governo vai investir milhões em equipamentos e na construção de 80 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 80 de apartamentos.

Rui Costa tem que estatizar a unidade médica, suspender todo e qualquer financiamento público à Real Sociedade Espanhola de Beneficência e garantir o pagamento dos direitos trabalhistas dos mais de 2.800 trabalhadores que sofreram calote. O Estado também deve recontratar estes trabalhadores para desenvolver suas atividades laborais no hospital.

Chega de encher os cofres da burguesia. O lucro dos burgueses não é mais importante que a vida da população. Chega de salvar os negócios dos ricos, é preciso salvar as vidas dos mais pobres. Ao não estatizar os hospitais Santa Clara e o Espanhol, Rui Costa segue jogando a favor da burguesia.

– Estatização já dos hospitais Santa Clara e Espanhol;
– Por uma saúde pública, coletiva e de qualidade! Por uma gestão pública da saúde a serviço dos trabalhadores!
– Basta de Rui Costa e sua política econômica a favor dos ricos e poderosos!