CSP Conlutas

Central Sindical e Popular

Logo após os metroviários de São Paulo aprovarem na noite de ontem, por mais de 70% dos votos em assembleia virtual, o início de greve a partir da zero hora desta terça-feira (28), e a mobilização ter início com muita força com a organização de piquetes nas estações e plataformas, o secretário de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, entrou em contato com o Sindicato para informar que acataria a proposta feita pelo MPT (Ministério Público do Trabalho).

A proposta do MPT, apresentada em audiência pelo Tribunal Regional do Trabalho no dia de ontem (confira abaixo), havia sido aprovada em assembleia virtual realizada pelos metroviários. Contudo, a direção do Metrô se negava a acatar a proposta. Com a deflagração da greve, a empresa e o governo Doria foram obrigados a recuar na redução salarial de 10% imposta unilateralmente na semana passada e na retirada de direitos do Acordo Coletivo.

Com o recuo do Metrô, a diretoria do sindicato se reuniu e, por ampla maioria, aprovou defender o fechamento do acordo e submeter a proposta à categoria em nova assembleia.

Para o coordenador do Sindicato dos Metroviários e integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Altino Prazeres, a proposta do MPT não contempla a reivindicação inicial da categoria, mas a força inicial da greve obrigou o Metrô a recuar da redução dos salários e dos ataques ao Acordo Coletivo, mantendo direitos.

Houve também a legítima expressão dos dirigentes contrários à suspensão da greve como, por exemplo, do dirigente do sindicato e também membro da Secretaria Executiva da CSP-Conlutas, Diego Vitelo.

Uma nova assembleia virtual foi convocada emergencialmente e contou com a participação de 1.754 metroviários e, ao final, democraticamente a categoria aceitou a proposta (com 79,76% dos participantes) e a greve foi suspensa

Luta contra ataques aos direitos

O sindicato tenta negociar a manutenção do Acordo Coletivo desde o mês de abril, tendo de enfrentar o descaso e a intransigência da empresa. Na semana passada, sem qualquer aviso ou negociação, o Metrô informou por email a redução nos salários de 10% e mais ataques.

Os metroviários, que são considerados trabalhadores essenciais, não pararam durante a pandemia, e estão submetidos ao alto risco de contaminação e mortes pelo coronavírus. O governo de João Doria e a direção do Metrô, ao invés de oferecer proteção e direitos a essa categoria tão fundamental para a população, fizeram um brutal ataques aos salários e direitos dos trabalhadores.

Nesta terça-feira, em entrevista à TV Globo, o Secretário de Transportes teve a cara de pau de criticar a demora na volta da operação dos trens e cobrou o sindicato.

É uma irresponsabilidade o que estão fazendo os governos de Bolsonaro, Doria e Bruno Covas. Eles deveriam tratar a população e os trabalhadores com mais respeito. A greve foi a resposta aos brutais ataques que fizeram, sem considerar a gravidade da pandemia, os esforços que os metroviários estão fazendo para garantir esse serviço essencial e a vida da população”, afirma Altino.

O secretário dos Transportes hipocritamente reclama do atraso da operação, provocado pela intransigência da própria empresa e do governo, que só ontem por volta da meia noite recuaram, mas fecha os olhos para os trens lotados que circulam diariamente, pois os governos se negam a decretar uma quarentena geral”, denunciou.

Exigimos que a empresa e o governo Doria e Bruno Covas respeitem a categoria que tem sido fundamental em meio à pandemia. Que não retirem nossos direitos. Afinal, enquanto eles reduzem salários dos trabalhadores, o presidente do Metrô acumula cargo de conselheiro e ganha mais do que o salário do próprio governador do estado, assim como alguns cargos comissionados”, afirmou também o dirigente.

Não vamos aceitar que retirem nossos direitos. Seguimos defendendo que a defesa da vida só pode ocorrer com a realização de uma quarentena geral de verdade, com garantia de renda para todos, possibilitando que toda a população possa ficar em casa até que a pandemia retroceda”, concluiu.

Confira abaixo a íntegra da proposta aprovada pelos metroviários de SP:

1- Manutenção do adicional noturno de 50%, com o pagamento de adicional noturno de 25% pelo período de 6 meses, e o adiamento da diferença de 25% do adicional noturno, que devem ser pagos integralmente nos 6 (seis) meses subsequentes;

2- Manutenção da Gratificação por Tempo de Serviço, com a garantia dos valores adquiridos até 30/04/2020, e a suspensão da aplicabilidade do percentual pelo período de 6 (seis) meses (01/05/2020 a 01/11/2020), retomando-se o pagamento do direito adquirido neste período no 7º mês, com o consequente pagamento dos respectivos valores retroativos à data de aquisição da progressão;

3- Manutenção do adicional normativo de férias, com o adiamento do pagamento da diferença entre o valor do adicional normativo e o 1/3 constitucional, pelo período de 6(seis) meses, com o consequente pagamento no 7º mês dos respectivos valores retroativos à data do gozo. Com a realização do acordo, os valores de auxílio transporte suprimidos a partir de 30/06, serão ressarcidos;

4- Renovação do ACT, em todas as suas cláusulas, por 12 meses com vigência de 01/05/2020 a 30/04/2021;

5- Manutenção do adicional de horas extras de 100%, com o pagamento de adicional de 50% pelo período de 6 meses, e o adiamento da diferença de 50% dos adicionais de horas extras, que devem ser pagos integralmente nos 6 meses subsequentes, exceto as horas extras compulsórias, que devem ser pagas integralmente (100%).

Com informações do Sindicato dos Metroviários de SP