Carlos Mesa acaba de se juntar ao cada vez maior rol dos presidentes depostos pelas mobilizações populares na América Latina. Na noite dessa segunda-feira, dia 6 de junho, ele anunciou sua renúncia através de uma transmissão pela TV. Durante todo o dia, Mesa se viu cercado no Palácio do Governo por manifestantes que exigiam sua renúncia. Ele chegou a sair do palácio por causa dos protestos mas acabou retornando com uma forte escolta militar para renunciar em seguida.
A Bolívia segue tomada por uma onda de manifestações e bloqueios de estradas. O Congresso boliviano continua praticamente inoperante devido ao permanente piquete realizado pelos manifestantes. Nesta segunda, uma grande marcha tomou conta de La Paz.
Elite prepara saída eleitoral
A renúncia de Carlos Mesa se dá um dia após um encontro realizado entre o governo, a reacionária igreja católica boliviana, os líderes do congresso e da Corte Suprema em El Alto. A reunião tratou da crise social em que o país está submerso e traçou estratégias para pôr fim às mobilizações.
De acordo com a constituição boliviana, novas eleições só podem ocorrer após as renúncias do presidente e dos líderes do Congresso e da Câmara. O líder do MAS (Movimento ao Socialismo) Evo Morales, que esteve na reunião em El Alto, pediu a renúncia de Mesa para dar uma saída constitucional à crise. O presidente da República deve dar um passo atrás e, desta maneira, facilitar uma saída política e constitucional para a profunda crise política e social que agonia a Bolívia, afirmou Morales, que defende novas eleições para o fim do ano.
Todo poder à COB e às organizações em luta
As elites do país, junto com direções traidoras como Morales, tentam impor uma saída institucional para perpetuar a atual condição colonial da Bolívia. O MAS, que apoiou timidamente a Lei dos Hidrocarbonetos pressionado pela mobilização popular, defende agora a formação de uma Constituinte, a fim de dar uma solução democrática à crise.
O povo boliviano, que pressionou a aprovação da Lei dos Hidrocarbonetos, e, superando essas direções, agora exige a completa nacionalização do gás, não pode se submeter a essa armadilha democrática. Só um governo dos trabalhadores, baseado na COB e nas demais organizações populares em luta, podem solucionar a grave crise social da Bolívia, nacionalizando o gás e as multinacionais que exploram o país.