Os trabalhadores que confiaram em Lula e no PT vêem estarrecidos todo o mar de lama do governo petista. Desde o dia 6 de junho, um turbilhão de denúncias assola os noticiários. Malas e cuecas recheadas de dinheiro já provocaram a queda de toda a alta cúpula do PT e dos principais ministros do governo. No entanto, o governo tenta preservar a fantasia de que Lula não sabia da roubalheira de seu governo. Mas cada nova denúncia de corrupção deixa cada vez mais óbvio que o presidente Lula sabia de tudo.

Nos últimos dias, aumentou a desconfiança em relação ao presidente. A última pesquisa IBOPE divulgada mostra que 42% dos brasileiros não confiam em Lula. O percentual dos que confiam no presidente caiu de 60%, na pesquisa feita em março deste ano, para 56% em junho e 53% em julho. Inversamente, o percentual dos que não confiam em Lula aumentou de 34% em março para 38% em julho e agora para 42%.

Lula ainda mantém um alto índice de popularidade, mas, mesmo com blindagem em torno dele, que visa preservá-lo das falcatruas, a sucessão de denúncias das últimas semanas começa a atingir em cheio a sua imagem, provocando a queda gradativa de sua popularidade.

Oposição burguesa não quer derrubar Lula
É cada vez mais difícil sustentar a farsa de que o presidente não sabia de nada. Nos podres bastidores da democracia dos ricos e corruptos, todos sabem que Lula sabia das falcatruas e se perguntam abertamente se ele vai agüentar as novas ondas de denúncias que vem por aí. Por ora, a oposição burguesa, capitaneada por PSDB e PFL, não mudou a sua estratégia de manter o desgaste de Lula e canalizar tudo para as eleições de 2006. Percebe que, apesar da avalanche de denúncias, a imagem do petista ainda segue relativamente em alta e avalia que é necessário aumentar a sangria para buscar um acordo com Lula para que ele desista da reeleição. Ou seja, a oposição burguesa segue com a estratégia de manter o calendário eleitoral porque não deseja afetar o plano econômico e tampouco quer que ocorra um cenário de mobilizações semelhantes ao do Equador e da Bolívia.

Todavia, essa estratégia poderá mudar se vazarem provas que liguem de forma irrefutável a figura de Lula à corrupção. Encontros entre empresários, o presidente da Rede Globo e a cúpula dos partidos (PT, PSDB, PFL e PMDB) foram realizados na semana passada para avaliar um cenário de impeachment.

Entre os trabalhadores, por outro lado, existe ainda muita confusão. Embora tenham chegado à conclusão de que o governo e o PT estão submersos pela corrupção, muitos acreditam que Lula não sabia de nada. Há ainda aqueles que, embora não confiem tanto assim no presidente, não vislumbram nenhuma alternativa caso Lula venha sofrer um impeachment. Sabem que, se o PSDB e PFL voltarem ao poder, a roubalheira continuará. Lembram de toda a corrupção a que foi submetido o país quando esses governavam.

Para construir uma alternativa dos trabalhadores ao PT e à oposição de direita, é preciso ir às ruas com grandes mobilizações de massas contra o governo e a corrupção.

Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão…

A avalanche de corrupção expõe a nu os imundos bastidores da democracia dos ricos e corruptos. Os rentáveis esquemas revelados nos últimos meses sempre existiram e fazem parte do modo de fazer política das elites do país. Não se trata, portanto, de nenhuma invenção do PT. Lula apenas manteve as maracutaias dos governos anteriores.

O problema é que não há como acabar com a corrupção sem acabar com a democracia dos ricos. A democracia existente é uma forma de Estado burguês e todos os tipos de Estados são uma ditadura de alguma classe social sobre a outra. A tal “democracia” não passa de uma ditadura, onde uma minoria – empresários, banqueiros e latifundiários – explora os trabalhadores, a maioria da sociedade.

Para manter as aparências, esses senhores convocam eleições a cada dois anos, quando seus candidatos sempre vencem. É um jogo de cartas marcadas no qual empresários impulsionam os grandes partidos (seja da oposição ou situação) e financiam suas eleições milionárias. Depois das eleições, os capitalistas cobram as suas faturas exigindo contratos milionários com o Estado. O PT simplesmente embarcou nessa roda viva.

Um setor da população brasileira concorda que a democracia brasileira é corrupta, mas defende a ditadura militar como alternativa. Se esquecem que a ditadura também é uma forma de Estado burguês e que foi tão corrupta quanto a democracia, e que impedia a divulgação das falcatruas.

Mesmo nos países onde o capitalismo foi expropriado (URSS, Leste Europeu etc.), a corrupção continuava existindo, pois ela é um mal de todos os regimes em que uma minoria privilegiada controla o aparato do Estado.

Um outro tipo de Estado
Para acabar com a corrupção, defendemos o fim do capitalismo e de seu Estado. Apenas uma revolução socialista e a construção de um novo Estado, dirigido pelos trabalhadores, pode por fim à roubalheira.

Esse novo Estado deve ser controlado pela maioria da população, fundando uma nova democracia que deve ser a operária. Ou seja, que expresse a vontade da maioria dos trabalhadores e não da minoria de ricos. Os funcionários desse novo tipo de Estado devem ser eleitos pela população e ter seus mandatos revogáveis. Dessa maneira, suas ações serão controladas pelos trabalhadores, que podem evitar a corrupção. Seus salários devem ser igual a de um operário qualificado.

Apenas um Estado dos trabalhadores, livre dos capitalistas, pode garantir um governo que rompa com a Alca e o FMI e que ponha fim à corrupção.
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