No dia 23, a partir das 9h, a Câmara de Vereadores de Belém poderá, de fato, ser chamada de “Casa do Povo”, já que diferentemente de outras vezes, o espaço será utilizado não para representar os interesses de construtoras, empresas de ônibus e grandes empresários, mas para discutir os assuntos mais sensíveis que tocam as trabalhadoras e os trabalhadores de Belém.
Ao contrário da maioria dos políticos, que utilizam seus mandatos para benefícios próprios, o mandato operário e socialista de Cleber pretende atuar de outra maneira no parlamento e utilizá-lo a serviço da luta dos trabalhadores. Neste primeiro momento, por meio da articulação das primeiras ações parlamentares com ações de mobilização, dois pontos centrais serão discutidos: o combate aos privilégios dos políticos e as ações para um plano de habitação em Belém.

Salário político x Salário trabalhador
Os altos salários e os privilégios absurdos dos políticos foram um dos carros-chefes da campanha eleitoral de Cleber.  Não à toa. A realidade dos trabalhadores de Belém é muito dura por conta do caos social em que se encontram os serviços públicos como saúde, educação, saneamento e transporte. Isto não condiz com a realidade do prefeito, vice-prefeito e vereadores. Para se ter uma ideia, cerca de 300 mil pessoas vivem com menos de um salário mínimo por mês, ou seja, estão abaixo da linha da pobreza em uma cidade em que o custo de vida (de 8,31%) é um dos mais altos do país. Enquanto isso, os políticos aumentam seus salários quando bem entendem: só em 2012, o reajuste votado foi de 62,5%.
Para tentar mudar esta realidade, foi lançado um abaixo-assinado, presencial e virtual, propondo a redução dos salários do prefeito (R$ 18 mil), da vice-prefeita (R$ 16 mil) e dos vereadores (R$ 15 mil) para o equivalente ao salário de um trabalhador especializado (cerca de R$ 5 mil) e o fim da farra dos tíquetes-alimentação que, hoje, é de R$ 14 mil para os vereadores, enquanto que o funcionalismo municipal ganha apenas R$ 220,00. Segundo Cleber este abaixo-assinado é importante para pressionar a Câmara Municipal a aprovar o projeto. “O restante do dinheiro deve ser empregado nas lutas contra a exploração e a opressão capitalista”, disse.

Moradia
Mas se as desigualdades sociais da cidade se expressam na disparidade salarial entre políticos e trabalhadores, na questão habitacional elas se apresentam de maneira dramática. Se de um lado cresce a especulação imobiliária, através da venda de apartamentos no centro e nas áreas de expansão da cidade, do outro cresce o número de áreas de ocupação urbana, em suma, sem infraestrutura urbana e saneamento.
O déficit habitacional em Belém é enorme, o que faz com que 77% da população que possui até três salários mínimos viva em condições precárias em assentamentos irregulares. Ao invés de aplicar políticas para regularizar terrenos, o que vemos da prefeitura é a repressão ao movimento sem-teto: Zenaldo (PSDB) pode precisar de mais tempo para resolver problemas como saúde e saneamento, mas não esperou um minuto na hora de mandar reprimir a primeira luta popular deste ano, no bairro de Val-de-Cães, na ocupação urbana do Paraíso dos Pássaros. “Para seguir na luta pela regularização fundiária das áreas de ocupação da cidade e pressionar a prefeitura, é precisodiscutir um plano de construção de casas populares para as famílias de renda inferior a três salários mínimos e avançar na construção de um projeto de lei sobre moradia popular”, afirmou Cleber.  

Expectativa
Para divulgar a plenária, foi montado um calendário para os principais bairros e obras a serem cobertas pelo vereador e pela equipe do mandato. E, logo nas primeiras passagens, percebe-se que o clima entre os trabalhadores é de bastante empolgação.
Para Cleber, a plenária tem tudo para dar certo e pode, ainda, representar um grande potencial de participação e mobilização popular: “Queremos que esta seja uma grande plenária em quantidade de pessoas e em qualidade de elaboração política, agitação e propaganda socialista. Tivemos quase cinco mil votos nas eleições e quase 1 mil novos filiados. Temos um enorme potencial de mobilização já comprovado!”, disse.
Para avançar ainda mais na interação e para que os trabalhadores se sintam parte do mandato, também será proposto, na plenária, a criação de Grupos de Trabalho Temáticos sobre diversas questões, como saúde, educação, habitação, transporte, saneamento e cultura. “Queremos, cada vez mais, incorporar os ativistas e filiados nas elaborações do mandato, porque, como já disse várias vezes, ele não é meu. É dos trabalhadores e das trabalhadoras de Belém e está a serviço das suas lutas, para potencializar e fortalecer suas mobilizações!”, concluiu o vereador.
 

Post author
Publication Date