O balanço de 2007 que 101 instituições financeiras entregaram ao Banco Central mostra uma explosão dos lucros no período. Juntos, os bancos brasileiros lucraram R$ 45,3 bilhões no ano, uma alta de 35,9% em relação a 2006.

As altas nas tarifas bancárias e os juros dos empréstimos impulsionaram os lucros recordes das instituições. Só com tarifas os bancos abocanharam quase R$ 56 bilhões. Já os juros extorsivos dos empréstimos somaram incríveis R$ 179 bilhões, valor 17% maior que o registrado em 2006.

Enquanto o salário mínimo tem alta ínfima de 9%, os lucros de alguns dos principais bancos chegaram a dobrar. Só o Itaú lucrou R$ 8,47 bilhões, um aumento de 96% em relação ao ano anterior. O lucro do Unibanco cresceu 97%, atingindo R$ 3,44 bilhões. O do Bradesco ultrapassou os R$ 8 billhões, crescendo “apenas” 58,5% no período.

Juros extorsivos
Os altos juros acompanham o aumento dos créditos oferecidos pelos bancos. Os juros nos empréstimos para pessoas físicas passaram de 43,9% ao ano em dezembro de 2007, para 48,8% em janeiro deste ano, aumento de quase 5% em apenas um mês. A alta nos juros do cheque especial chegou a quase 7%.

Em discurso realizado no Palácio do Planalto, Lula defendeu os lucros dos bancos. “De vez em quando as pessoas tentam fazer com que eu tenha uma briga com o sistema financeiro porque ele está ganhando demais. E eu digo sempre: ‘Graças a Deus, o sistema financeiro está ganhando´”, afirmou, dizendo ainda que se os bancos não estivessem ganhando o governo teria que fazer um “Proer e aí ficaria muito mais caro para o país”.

O Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) foi implementado por FHC em 1995 e concedeu cerca de R$ 30 bilhões para os bancos até o ano 2000. O recado de Lula não poderia ter sido mais claro. Caso os bancos não estivessem lucrando tanto, o governo asseguraria seus ganhos assim como fez FHC.

Maior juros do mundo
A última reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária, decidiu manter a taxa Selic em 11,25%. A Selic é a taxa básica de juros, taxa de referência para os juros praticados no país em empréstimos, financiamentos, etc. Após passar por um período de vagarosa baixa, o governo decidiu suspender seu corte e se cogita agora até mesmo sua elevação.

O juro real, descontada a inflação, está em 6,7%, fazendo com que o Brasil seja o país com a maior taxa real de juros do mundo. Em julho de 2007, a Turquia ultrapassou o Brasil, mas agora o país retoma seu antigo posto. Banqueiros e especuladores internacionais comemoram.