Anderson Leandro, desaparecido desde o dia 10

Para familiares e sindicatos, desaparecimento está relacionado às denúncias políticas que o jornalista vinha fazendoEm Curitiba (PR), o jornalista Anderson Leandro está desaparecido desde o dia 10 de outubro. Ele foi vista pela última vez quando deixava sua produtora de TV, às 12h30, localizada no bairro Rebouças, em Curitiba, para se reunir com um suposto cliente no município de Quatro Barras. O profissional dirigia um Kangoo (Renault), de cor branca, placa número AON 8615.

Anderson é um conhecido jornalista dos movimentos sociais do Paraná. Seu acervo de imagens das lutas sociais no estado é bastante rico. São imagens de lutas pela reforma agrária e moradia, dos abusos da polícia nas desocupações de terra e edifícios tomados pelo movimento sem-teto, além de inúmeras passeatas, manifestações, congressos e encontros de várias categorias e setores populares.

Em outubro de 2008, Anderson foi atingido por uma bala de borracha enquanto cobria a desocupação de uma área ocupada por sem teto na Cidade Industrial. Ele chegou a registrar o momento em que é atingido por uma bala de borracha durante a desocupação. Na época foram afastados o Comandante do Policiamento da Capital, comandante Carlos Alexandre Scheremeta, e o comandante do 13° batalhão da PM, comandante Flavio Corrêa. veja aqui. Em 2002, sua produtora realizou os programas eleitorais do PSTU do Paraná.

Sua família suspeita que o desaparecimento esteja relacionado às suas atividades como jornalista nos movimentos sociais. De acordo com as investigações, não houve movimentação financeira desde o desaparecimento. “É o que nos leva a acreditar que pode ter sido uma emboscada sim”, afirma Antônio da Silva, irmão do jornalista desaparecido.

A hipótese de que o desaparecimento tenha alguma relação com as atividades políticas também é reforçada por novas ameaças a outro jornalista que trabalhava com Anderson. Segundo a imprensa, o colega de Anderson, que preferiu não se identificar, recebeu ameaça por telefone. “Você quer ser o próximo a desaparecer?”, teriam perguntado pelo telefone.

A intimidação veio depois das cobranças por mais empenho nas investigações sobre o desaparecimento de Anderson. No comentário, feito numa rede social, o colega de Anderson citou um nome: Otávio, que seria a pessoa que chamou o jornalista desaparecido para uma reunião no dia em que ele foi visto pela última vez.

“Foi sair aquilo no ar… Acho que não deu 5 minutos e já veio a ameaça. Então é sinal de que essa informação é quente. Alguém na hora se tocou”, contou o amigo ao Jornal Hoje.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Sindicato dos Jornalistas do Paraná (Sindijor-PR) também manifestaram preocupação em relação ao desaparecimento de Anderson. Por nota, a Abraji ressaltou que há fortes indícios de que o caso seja “mais um grave atentado contra o jornalismo, com características clássicas de vingança motiva pela atividade jornalística”. Já o Sindijor-PR chamou a atenção de representantes do governo estadual e informou que entrou em contato com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), pedindo a intensificação das buscas. O sindicato também chamou a atenção para a possibilidade de sequestro político.

*informações com Agências