Foto: Roosevelt Cássio/Sindmetal SJC
Redação

Como resultado da luta dos trabalhadores, a demissão em massa na Caoa Chery está suspensa. A proposta de layoff apresentada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas, foi aceita pela empresa e aprovada em assembleia dos trabalhadores, nesta quarta-feira (11). A luta continua contra o fechamento da fábrica em Jacareí.

O programa de cinco meses de layoff a partir de 1º de junho e mais três meses de estabilidade foi negociado ontem pelo Sindicato, em reunião com a empresa, na sede da entidade.

Com o acordo, os 480 empregos estão garantidos até janeiro. Nesse período, todos os trabalhadores receberão seus salários na íntegra e continuarão com planos de saúde. Parte da remuneração é paga com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).

A luta continua

Apesar dessa importante vitória dos trabalhadores, a luta pela permanência da montadora em Jacareí continua. O Sindicato defende que os modelos Arrizo 6 e Arrizo 6 Pro continuem sendo produzidos na planta da região. Já a Caoa Chery pretende importar o modelo da China.

A campanha contra o fechamento da fábrica inclui, principalmente, pressionar os governos federal, estadual e municipal para que proíbam o fim das atividades na cidade.

O Sindicato já protocolou uma proposta de projeto de lei na Câmara Municipal de Jacareí para proibir o fechamento da montadora. Se os planos da Caoa Chery se concretizarem, 480 trabalhadores diretos serão demitidos. Isso representa a perda de R$ 53 milhões em massa salarial circulando na cidade. No setor de autopeças, o impacto deve ser de R$ 37 milhões. Os dados são do Ilaese (Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos).

“A suspensão das demissões foi uma grande vitória até agora e mostra o quanto é importante a luta dos trabalhadores. Não se pode simplesmente aceitar a imposição dos patrões. Agora vamos dar um novo passo e exigir a permanência da Caoa Chery em Jacareí. Os interesses dos patrões não podem ser colocados acima do bem coletivo. Por isso, estamos iniciando uma campanha nacional contra o fechamento da montadora. Também defendemos a estatização da fábrica”, afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.

Vera, pré-candidata à Presidência do Brasil, fala aos operários da Caoa Chery | Foto: Roosevelt Cássio/Sindmetal SJC

Vera em Jacareí

Vera, pré-candidata do PSTU à Presidência da República, está na cidade de Jacareí, no Vale do Paraíba (SP). Pela manhã, ela participou da assembleia dos operários da Caoa Chery e, em seguida, caminhou com eles pelas ruas da cidade.

“A luta de vocês é parte de um processo de mobilização existente hoje em defesa dos empregos e por melhores salaários, a exemplo dos trabalhadores da CSN e da Avibras. Você já obtive uma grande vitória. As demissões foram suspensas, mas a batalha segue pela permanência da fábrica aqui”, disse Vera.

“Como ocorre com outras multinacionais, a Caoa Chery se instalou no Brasil recebendo isenções de impostos. Após explorar a mão de obra local, com baixos salários e pouquíssimos direitos, quer fechar as portas e deixar os trabalhadores à mercê da crise econômica e do processo de desindustrialização que passa o país. Temos que cobrar dos governos, em especial do governo federal de Jair Bolsonaro, medidas para garantir os empregos e a permanência da fábrica”, defende a pré-candidata.

“A luta é pela manutenção da fábrica na cidade. Se a empresa insistir com o fechamento, temos que exigir que o governo federal estatize, sob controle dos trabalhadores, para que, assim, nosso país produza um carro 100% nacional”, finaliza Vera.

*Com informações do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região