A reunião nacional da coordenação da Conlutas terminou neste domingo, no Rio de Janeiro. Um dos momentos fundamentais do encontro aconteceu na tarde de sábado, 25, com a reunião dos Grupos de Trabalho (GTs). Reuniram-se grupos temáticos sobre funcionalismo público, educação, trabalhadores dos Correios, bancários, mulheres, negros e negras entre outros.

Em defesa dos serviços públicos
Os trabalhadores do funcionalismo público, em sua reunião, avaliaram a situação dos servidores e a política do governo com relação aos seus direitos. Para Ana Luiza Figueredo, diretora do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal (Sintrajud), “o governo quer caçar o direito de greve, privatizar o serviço público e demitir os servidores”. A recente greve dos previdenciários é um exemplo do que fala a sindicalista, com a intransigência do governo e o violento ataque contra o direito de greve.

“Nós vamos preparar uma plenária, no final de agosto para organizar a resistência e a luta de todos os trabalhadores”, disse Ana Luiza. Ela também informou que a categoria vai participar do dia nacional de lutas e paralisações em 14 de agosto “para demonstrar para o governo que os servidores são capazes reagir à sua política e de se reunificar novamente para enfrentar e derrotar os ataques neoliberais”.

A política do governo federal foi o tema também do GT de educação, que reuniu 50 pessoas de aproximadamente 15 entidades. O grupo debateu a Conferência Nacional de Educação (Conae) e qual política a Conlutas deve ter diante do evento promovido pelo governo. “O nosso principal eixo para disputa no interior das escolas e universidades é a luta contra a privatização do ensino público, mais verbas para as escolas públicas, com a destinação de 10% do PIB para a Educação, contra o projeto do governo federal de desmantelamento do ensino público no país”, disse Alex Trentino, diretor do Sindicato do Ensino Público do Rio de Janeiro (Sepe-RJ).

Alex ressaltou a importância da mobilização dos setores de educação na atual conjuntura, porque, segundo ele, a atual crise econômica aprofundou os ataques do governo às escolas e universidades com terceirizações, privatizações brandas etc. “É necessária a unificação do conjunto das categorias que compõem a rede de ensino no país para barrar este projeto que vem desde o Banco Mundial”, opinou.

O sindicalista destacou, ainda, a experiência nova de se organizar em GTs, inexistente na CUT, central da qual ele já fez parte: “é uma experiência riquíssima no sentido de travar a luta pela educação como um todo, incluindo todos os trabalhadores, professores e servidores, no processo de discussão. É definitivamente um avanço em relação ao que acontece nas entidades tradicionais, como a CUT”.

Campanhas salariais
O segundo semestre de 2009 será marcado por uma série de campanhas salariais. Os metalúrgicos de São José dos Campos, por exemplo, deram a largada à sua campanha na semana passada. Durante a reunião da Conlutas, trabalhadores dos Correios e bancários também debateram suas pautas.

No setor de Correios, a campanha terá início esta semana, com a entrega da pauta à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), o início das negociações e a organização das assembleias e eixos políticos da campanha. Geraldo Rodrigues, trabalhador dos Correios, informou que o grupo discutiu “a necessidade de que todas as entidades encampem a campanha contra a quebra do monopólio, tentando articulá-la, principalmente, com as campanhas em torno da Petrobras, da Embraer, da Vale e da CSN”.

Já os bancários debateram a pauta, o calendário e a preparação do jornal do Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB) para a campanha salarial. Wilson Ribeiro, membro do MNOB, disse que a oposição vai realizar uma campanha alternativa à da CUT. Dentre as polêmicas com a central governista, está o fato de o MNOB defender a reposição de todas as perdas salariais, algo pelo que os bancários vêm lutando há anos.

“A central governista se recusa a discutir a reposição das perdas. Também queremos acordos anuais, enquanto eles estão ensaiando a defesa de que só sejam feitos acordos de dois em dois anos”, disse Wilson. “É evidente que a categoria bancária, por ter um peso na economia, representa um setor que pode atrair outros setores para a luta, mostrando o único caminho possível para lutar contra os ataques que temos sofrido: o caminho da luta e da resistência. Os trabalhadores não podem aceitar que o preço da crise seja jogado sobre suas costas, através da redução de salários, demissões etc.”, concluiu.