Dia 7 de abril é Dia Mundial da Saúde. Para marcar a data e denunciar a crise do sistema de saúde carioca, dezenas de entidades decidiram, há semanas, realizar um ato público, com concentração a partir das 16 horas, na Candelária. Na reta final da organização da manifestação, contudo, setores ligados ao governo Lula e partidos neoliberais, como o PPS e o PSDB, movidos unicamente pela mesquinharia eleitoral, decidiram se juntar ao ato.
O objetivo destes setores é claro: centrar a culpa da falência do sistema na figura do prefeito César Maia, do PFL, isentando tanto o governo estadual quanto federal. Os governistas, particularmente, querem apresentar o show pirotécnico que está fazendo com a intervenção federal.
Pouco antes do início da concentração, falamos com Cristiane Neves, diretora do Sindsprev-RJ (Sindicato dos Trabalhadores da Saúde e Previdência) e auxiliar de enfermagem do Hospital Cardoso Fontes: Esta nova manobra do governo é mais um absurdo. Como já dissemos anteriormente, o show show pirotécnico em que se transformou a intervenção federal em nada resolverá os problemas da saúde. Agora, querer se inserir na manifestação organizada pelo movimento e pela população já é um completo descalabro. Mesmo assim, pretendemos fazer um forte ato, que expresse, em claro e bom som, que a situação caótica da saúde carioca tem sua origem nas políticas neoliberais de César Maia, Rosinha e Lula.
Ainda segundo Cristiane, é importante lembrar que o ato acontece no momento em que três hospitais, o da Andaraí, o Cardoso Fontes e o de Ipanema, se encontram em greve contra o corte dos salários, promovido por César Maia como mais um lance na queda de braços eleitoreira que está sendo travada entre a prefeitura do Rio e o governo petista. Mais uma demonstração de que, nesta história, ambos não pensam duas vezes para penalizar os trabalhadores e a população, em suas disputas.
Como parte de sua tentativa de manobra, os setores governistas que se infiltraram no ato, pretendiam desviar o percurso original (que previa uma grande caminhada pela Avenida Rio Branco, palco das principais manifestações cariocas) para dirigir-se unicamente para a prefeitura. No momento em que escrevíamos este artigo, os setores do movimento, realmente interessados com a luta por uma saúde de qualidade, estavam lutando para manter o trajeto inicial.