Que o 1º de maio da CUT será um mega-evento, com shows, distribuição de brindes, muita despolitização e muita grana investida na festa, não é novidade. No ano passado, a festa cutista na Avenida Paulista já reuniu 1 milhão de pessoas e, para 2005 a meta é repetir esse número. O diferencial da festa que ocorrerá este ano é a temática: a CUT pretende transformar o 1º de maio em uma grande festa em defesa da reforma Sindical/Trabalhista.
Se até então, os atos de 1º de maio estavam perdendo seu caráter político de dia internacional de luta dos trabalhadores, se transformando em festas despolitizadas, agora a CUT extrapola essa visão e dá uma politização à direita para o evento. Para a central, não basta fazer uma mega-festa, é preciso que esta tenha uma clara defesa do governo, de suas reformas e dos planos neoliberais. É preciso que os shows lotem as ruas de trabalhadores para criar a sensação artificial de que a população apóia o governo e as reformas.
Para a mega-festa da CUT, já estão confirmados os shows como os de Zezé di Camargo e Luciano, Bruno e Marrone, Jota Quest e o ministro Gilberto Gil. A CUT e a Força Sindical devem gastar juntas entre R$ 5,2 milhões e R$ 5,6 milhões em suas festas do 1º de Maio. Para as atividades promovidas pela CUT, estima-se que os gastos sejam de R$ 3,5 milhões a R$ 3,8 milhões. Na atividade da Força Sindical, a previsão é gastar entre R$ 1,7 milhão e R$ 1,8 milhão, com shows e sorteios de carros e apartamentos. Os eventos contam com patrocínios de empresas como TAM, Telefônica e AmBev. Também há patrocínio de estatais como Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
1º de maio: uma história de luta pelos direitos trabalhistas
Apesar da deturpação criminosa que a CUT e a Força Sindical fazem do dia 1º de maio, é preciso lembrar que essa data representa historicamente a luta internacional dos trabalhadores em defesa de direitos trabalhistas e de melhores condições de trabalho. O Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889, em homenagem aos mortos na greve geral, ocorrida em 1º de maio de 1886, em Chicago, principal centro industrial dos Estados Unidos na época.
Milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as péssimas condições de trabalho a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Naquele dia, manifestações, passeatas e piquetes se espalharam pela cidade. Houve prisões, feridos e vários mortos nos confrontos entre os polícia e trabalhadores.
Conlutas convoca atos classistas
No 1º de maio de 2005 será preciso reviver as lutas em defesa dos direitos trabalhistas. Isso porque os poucos direitos que os trabalhadores têm atualmente e que foram arrancados à custa de muita luta estão sendo ameaçados pela reformas Sindical e Trabalhista do governo Lula e da CUT. Nesse 1º de Maio, é preciso fazer atos em defesa dos direitos trabalhistas e contra a reforma e o governo.
Por isso, a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) está convocando junto com outros setores e entidades atos alternativos classistas contra as reformas nas principais capitais. Enquanto a CUT e a Força Sindical gastam milhões para fazerem atos despolitizados e governistas, a Conlutas pretende fazer um 1º de maio de luta e classista contra a reformas Sindical e Trabalhista.