Conlutas participa de ato na capital gaúcha
Patrícia Leão

Paralisação dos servidores públicos e manifestações de rua marcaram o dia de “greve geral” no Rio Grande do Sul contra o “pacotaço” da governadora Yeda Crusius (PSDB). Houve manifestações em muitas regiões.

Em Porto Alegre, pela manhã, foram bloqueadas três vias, causando um grande congestionamento. Já era mais de 10h da manhã quando as três manifestações se encontraram para marchar até o Palácio Piratini, sede do governo estadual, e à Assembléia Legislativa. Houve, também, paralisação de duas horas na Procergs, empresa de processamento de dados do estado.

Na cidade de Santa Cruz, no interior, os manifestantes abriram o pedágio, liberando os veículos do pagamento por uma hora. Logo depois, o prédio da prefeitura foi ocupado e um pacote simbolizando os ataques de Yeda foi queimado. Dentro do pacote, estavam representadas as reformas de Lula.

Em Pelotas, região sul do estado, o movimento paralisou as garagens do transporte coletivo da cidade. Em outros municípios, aconteceram atos e manifestações em prédios públicos, avenidas e estradas.

O ato da capital foi organizado pela Conlutas junto com dezenas de sindicatos, movimentos sociais, CUT e Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD). A principal faixa da Conlutas nas manifestações da Capital dizia “abaixo o ‘pacotaço´ de Yeda! Não à CPMF de Lula”.

Na coordenação do carro de som, estavam representantes da Conlutas e da CUT. Os movimentos e sindicatos ligados à Conlutas, em suas falas, denunciaram o ‘pacotaço´, mas também não pouparam críticas às reformas neoliberais de Lula, que retiram direitos, à CPMF e à corrupção em Brasília. Se dependesse da CUT, apenas o pacote tucano gaúcho seria pautado, demonstrando que o governismo da central campeia solto por aqui também.

O pacote deve ir à votação na próxima semana na Assembléia Legislativa. Existe a possibilidade de não ser aprovado o ponto referente ao aumento dos impostos, mas os deputados devem aprovar pontos que atacam profundamente os serviços públicos, com a entrega de serviços à iniciativa privada por meio das Ocips e o congelamento salarial.

Apesar da vitória, o dia de luta não se caracterizou como uma greve geral conforme foi convocado por iniciativa da CUT. O fato de não ter acontecido a “greve geral” leva à conclusão de que faltou preparação, mas, principalmente, de que a proposta de greve geral da CUT estava fora da realidade, acima das possibilidades da atual organização e mobilização dos trabalhadores gaúchos.

É preciso continuar lutando contra os ataques de Yeda e preparar uma greve para valer dos trabalhadores em educação, servidores públicos e demais setores da sociedade. Para ter credibilidade é preciso superar as direções governistas do movimento. Não se pode criticar e lutar contra Yeda e calar-se perante os ataques de Lula.

É preciso defender um programa que parta do não-pagamento da dívida do Estado com a União, que consome, mensalmente, mais de 18% das receitas do Estado. É preciso lutar para impor o fim das isenções fiscais e o ataque aos sonegadores. E o mais importante: não aceitar o discurso de que o Estado está falido. O dinheiro existe. Só falta dinheiro para saúde educação, moradia e demais áreas sociais. Para encher os cofres das grandes empresas e dos latifundiários, a governadora sempre dá um “jeitinho”.