Não é a primeira vez que governantes utilizam o mais apaixonante dos esportes como instrumento de manipulação das massas.

Em 1934, o ditador italiano, Mussolini, fez da conquista da Copa do Mundo pela Itália, uma oportunidade para fazer propaganda do fascismo. A seleção italiana precisava vencer aquele mundial a qualquer custo, para provar a “eficiência” do regime. Para isso, Mussolini não mediu esforços e chegou até a ameaçar os jogadores caso perdessem o título.

Por aqui, a utilização mais escandalosa do esporte como meio de propaganda política foi a Copa de 1970. Diante da exuberante conquista do mundial pela seleção, a ditadura militar, sob o comando do sangüinário general Médici, soube utilizar a euforia que contaminava a população para se fortalecer e esconder a censura, as torturas e as mortes dos seus opositores. Martelavam-se bordões como “Ninguém segura esse país.”, ou a rude intimação “Brasil ame ou deixe-o.”.

O ditador argentino, Videla, tentou imitar a ditadura brasileira, utilizando a conquista da Copa de 1978 pela Argentina. Mas não teve o mesmo sucesso.

É claro que o se passou, e ainda se passa, com o futebol tem a ver com o que ocorre em outros setores da vida social dominados pelo capitalismo, que se apropria de toda criatividade humana, nas ciências, nas artes e nas tecnologias, e trabalha com a manipulação para preservar a exploração.

Driblando os poderosos

Mas há também exemplos da participação do futebol em grandes lutas sociais. É o caso, por exemplo, da famosa Democracia Corinthiana, liderada por Sócrates, Casagrande e Vladimir nos anos 80. Esse movimento questionava abertamente a ditadura, e seus integrantes participaram da campanha pelas Diretas-Já e dos comitês de solidariedade à revolução da Nicarágua.

A manipulação, para manter a alienação das massas, e a elitização, que impede o acesso dos trabalhadores ao esporte, são duros golpes dos dirigentes do futebol, que ameaçam um meio privilegiado de expressão da criatividade e da vitalidade populares. Como lembrou a Gaviões da Fiel, em uma faixa contra o aumento dos ingressos em São Paulo: “A burguesia fede”.
Post author Jeferson Choma, da redação
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