Trabalhadores vão ao gabinete da reitora para tentar negociar
Apio Dias

Os funcionários da Fundação de Amparo ao Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp) do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) e do Restaurante da Universidade Federal do Pará (UFPA) estão em greve desde o último dia 16 de outubro.

Os trabalhadores realizam suas tarefas em condições precárias, como é o caso dos trabalhadores do setor da Lavanderia do HUJBB, com péssima remuneração – muitos ganham apenas um salário mínimo – e sem as vantagens que são de direito dos funcionários públicos federais (estabilidade, abonos por insalubridade, periculosidade, etc.). A situação de descaso é tão grave que surgem casos como o de um trabalhador da lavanderia que foi contaminado em seu serviço por uma seringa descartável que se encontrava entre os lençóis sujos. Ele não recebeu nenhuma assistência do Hospital, que é referência no Estado em tratamento de doenças infecto-contagiosas.

Essa situação e a intransigência das direções do RU, do HUJBB e da Fadesp, que se negam a negociar com os trabalhadores sua pauta de reivindicações, levou-os a deflagrar a greve. O piquete em frente ao Hospital foi marcado para o dia 16 de outubro. Os dirigentes do Sindicato (Sintufpa) se surpreenderam quando chegaram às portas do Hospital e estas haviam sido arrancadas pela direção para evitar o fechamento dos portões.

Segundo Ângela Azevedo, coordenadora geral da entidade e militante do PSTU, “essa atitude é um absurdo dessa direção que se nega a negociar com os trabalhadores e os expõe durante todo o fim-de-semana à ação de vândalos e gangues que poderiam facilmente entrar no HUJBB devido a ausência dos portões”.

Mesmo sem os portões, os piquetes que contaram com o apoio da Conlutas e do Sindicato da Construção Civil conseguiram aglutinar muitos trabalhadores. Cerca de 80 pessoas a cada dia de mobilização. A direção do Sindicato tentou em vão abrir as negociações com a direção do hospital e decidiu alugar um ônibus no dia 18 de outubro e levar os trabalhadores até o prédio da reitoria da UFPA. Faltou espaço no gabinete do reitor para tantos trabalhadores. O Sintufpa conseguiu enfim pressionar a vice-reitora, Regina Feio, a convocar uma mesa de negociação para as 17h, em que foram expostas as reivindicações, e chegou-se ao seguinte acordo: 1) imediato fim da greve; 2) compromisso da Fadesp, dos hospitais e da UFPA de que não haverá nem desconto dos dias parados nem demissões de trabalhadores; 3) efetivação da mesa de negociação para aumento dos valores de vale-alimentação a partir de 1º de dezembro de 2007, com a primeira rodada no dia 22 de outubro; 4) abertura das negociações para aumento salarial que deverão culminar no primeiro trimestre de 2008.

Quando se encaminhava para o fechamento do acordo e para o fim da greve, a gerente da Fadesp, Eliana Levy, negou-se a assiná-lo por não concordar com a não-demissão dos trabalhadores em razão da greve, ponto que os trabalhadores não abrem mão e que o presidente da Fundação, João Guerreiro, já havia se comprometido em assinar. Devido a esse impasse criado pela direção da Fadesp, o movimento grevista permanece e radicaliza-se a partir deste dia.