O presidente da Câmara foi denunciado por delator na Operação Lava-Jato
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou na manhã desta sexta, 17, em entrevista coletiva, seu rompimento com o governo: “Eu, formalmente, estou rompido com o governo. Politicamente estou rompido”. E mais: “Vou tentar que o meu partido vá para a oposição”, disse. O motivo: o delator lobista Júlio Camargo colocou de vez o deputado na Lava-Jato. Bem que ele vinha tentando fugir, mas Camargo disse que Cunha recebeu nada menos do que US$ 5 milhões em propina.
Mas o movimento #ForaCunha tem de continuar, agora mais forte do que nunca! Ele não vai largar o osso assim tão fácil. Disse que vai continuar na presidência da Câmara de forma independente.
Cunha diz que é tudo mentira, vingança do governo. Mas na verdade, é só questão de tempo para que apareçam mais falcatruas de figurões do Congresso, uma instituição por si só corrupta. É verdade que a eleição de Cunha para a presidência da Câmara foi uma derrota do governo. Mas falar em vingança é forçar a barra. Cunha foi aliado do PT nestes mais de 12 anos de governo petista. Ele não só concorda com o ajuste fiscal do governo Dilma (PT), que retira direito dos trabalhadores para pagar dívidas surreais aos banqueiros, como foi o próprio que apressou a aprovação. Até porque, mesmo com a ruptura política, Cunha garantiu que não vai atuar contra o governo: “O fato de eu estar rompido com o governo não vai afetar a relação institucional”.
As suspeitas contra Cunha não são de hoje. Para se ter uma ideia, antes de ser deputado, lá pelo início dos anos 1990, ele foi convidado por PC Farias para a presidência da Telerj. Sim, PC Farias, o mesmo do escândalo que derrubou o então presidente e hoje senador (também investigado) Fernando Collor de Melo. É de responsabilidade dele o projeto que privatizou a Telerj, envolvendo superfaturamento e relações escusas com as organizações Globo. Dizem por aí, também, que a própria eleição de Cunha para presidir a Câmara foi fruto de lobby de doadores das campanhas de demais deputados. Parece o óbvio.
A grande pedra no caminho de Cunha é que ele vem atuando como um ditador na presidência da Câmara, gerando protestos de todos os lados e o movimento #ForaCunha. Dos seus feitos: perdeu uma votação e depois deu um golpe para aprovar a redução da maioridade penal; do mesmo jeito, aprovou o financiamento privado de campanha, fonte de corrupção; desengavetou o PL das terceirizações; incita ódio a LGBTs, mulheres e negros; quer aprovar o dia do orgulho hétero; quer acabar com o direito ao aborto legal em casos de estupro e transformá-lo em crime hediondo.
Eduardo Cunha é um corrupto e fundamentalista religioso. Em tempos de crise, como um rato que pula do barco que está afundando. Ele usou a crise para ter mais benefícios e, agora, para tentar se defender.
O pronunciamento oficial de Cunha deve acontecer hoje, às 20h25.
Então, mais uma vez, #ForaCunha!
Fora todos os corruptos e corruptores!