Funcionário exibe protótipo do robô, de U$S 200 mil
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Tecnologia entra no combate para tentar minimizar as baixas. Invasores poderão operar robõs a 750 metros de distânciaNo final de janeiro, os militares norte-americanos anunciaram: soldados-robôs vão ajudar a combater a resistência iraquiana. Inicialmente, serão apenas 18 robôs com um metro de altura, armados com metralhadoras e operados por controle remoto. Conforme noticiaram as agências internacionais, eles serão enviados ao Iraque entre março e maio deste ano.

Se a experiência for bem-sucedida, os robôs poderão diminuir as baixas no exército norte-americano e evitar constrangimentos e problemas políticos internos para o presidente Bush. E mais: consistirão em mais um argumento para exaltar o poderio tecnológico-militar dos EUA. Nada mais apropriado num momento crítico da ocupação, quando a mal-armada guerrilha iraquiana impõe à maior potência imperialista do mundo um fiasco militar semelhante ao da Guerra do Vietnã.

Swords – Os soldados-robôs são chamados de Swords (sigla para Special Weapons Observation Reconnaissance Detection Systems) e foram projetados, inicialmente, para ações de remoção e desarmamento de bombas. Na nova versão, eles serão comandados por humanos que, instalados a cerca de 750 m de distância, verão a cena da batalha através de uma câmera de vídeo e controlarão o uso da metralhadora.

Os recursos da nova arma de guerra – que parece vinda dos filmes de ficção futurista – causam alarde. A mira eletrônica garante a extrema precisão dos tiros. As metralhadoras M240 podem disparar mil tiros por minuto. O robô, equipado com lentes de visão noturna, é rápido e preciso na busca e ataque aos inimigos. Além disso, não requer alimentos, roupas, treinamento, motivação ou pensão.

Lucros – Vantagens maiores terão a famigerada indústria bélica dos EUA e os grupos especuladores. A versão atualizada do Swords foi desenvolvida pelos militares em parceria com a Foster-Miller. A empresa pertence ao Qineti Group, uma joint venture entre o Ministério da Defesa da Grã-Bretanha e o Carlyle Group.

Aí está o ponto: o Carlyle é uma imensa holding que agrega companhias de diversos ramos interessados na farsa da “guerra contra o terrorismo”, como a indústria de armamentos e a petrolífera. As empresas do grupo lucraram bilhões com a invasão do Iraque e vão ganhar mais com a fabricação do novo robô. Cada exemplar custará 200 mil dólares ao governo dos EUA.

O detalhe: do Carlyle participam companhias influentes e poderosas como o Bin Laden Group (engenharia civil) e a Arbusto Energy Oil Co (petróleo), esta última uma sociedade entre a família de Osama bin Laden e George Bush pai.

`ArteCovardia – O uso de robôs no lugar de soldados revela um outro aspecto terrível da Guerra do Iraque. O combate, via tela de computador, se torna um jogo covarde, no qual há, de um lado, combatentes protegidos por um arsenal tecnológico, e de outro, homens de verdade sofrendo baixas.

A BBC divulgou que as unidades de controle dos robôs serão equipadas como nos jogos virtuais, inclusive com óculos tridimensionais. Uma guerra fácil e sem honra, em que os soldados poderão assassinar homens, mulheres e crianças como se fossem bonecos.

No discurso dessa “guerra limpa”, não se vê combates ferozes e vítimas inocentes. Assim foi a Guerra do Golfo – a CNN filmando de longe as explosões dos mísseis – e a invasão do Afeganistão – quando os afegãos formavam as frentes de batalha, “assessorados” de longe pelos norte-americanos. Os novos soldados-robôs são apenas uma expressão dessa guerra aparentemente fria e sem sangue que os EUA inventaram e os rebeldes iraquianos temem em desmentir.