Um aspecto da visita de Bush bastante abordado pela imprensa foram as discussões sobre o etanol, um dos tipos de biocombustível. Embora Lula e Bush não tenham firmado um acordo comercial sobre as exportações brasileiras, a Casa Branca manifestou claramente interesse em investir nesse mercado lucrativo. No ano passado, o setor exportou 2,3 bilhões de litros de álcool, que renderam US$ 1,6 bilhão. A previsão de exportação para 2007 é de 4 bilhões.

O acordo sobre o etanol não vai favorecer os “interesses nacionais”, mas os interesses dos usineiros brasileiros que podem ampliar suas exportações para o mercado norte-americano. A expansão de canaviais – cujo crescimento foi de 13% nos três últimos anos – prejudicaria milhões de pequenos agricultores, expulsando-os do campo e fortalecendo o modelo agrário exportador.

Tal expansão terá um impacto devastador no meio ambiente, com o avanço da monocultura da cana em todo o cerrado e na Amazônia. A produção de alimentos seria também prejudicada, pela ocupação da terra pela cana. Basta ver o que está acontecendo com o México, que passou a importar o milho, tradicional alimento da população, o que levou ao aumento violento dos preços e à atual “crise da tortilla” (alimento tradicional mexicano feito de milho).

Além disso, esse acordo levará à desnacionalização ainda maior no campo, com a compra por capitais norte-americanos das usinas brasileiras, ou seja, multinacionais vão controlar diretamente usinas de etanol no Brasil.

Quem confirma isso é Maurílio Biagi Filho, um dos maiores usineiros do país. Segundo ele, no ano passado 3,4% do setor estava desnacionalizado; este ano chegará a 5%. “Em dez anos, metade não será mais brasileira”, disse.

Maurílio vendeu a área industrial de sua usina Cevasa para a multinacional Cargill. O homem mais rico do mundo, Bill Gates, fundador da Microsoft, comprou recentemente 25% da Pacific Ethanol para produzir álcool de milho nos EUA. Especula-se que Gates esteja prestes a concretizar a aquisição de uma usina de etanol no Brasil.

Outro objetivo do imperialismo norte-americano seria a redução de sua dependência do petróleo venezuelano, responsável por boa parte do abastecimento de seu mercado. A meta seria substituir o petróleo venezuelano pelo álcool brasileiro nos próximos anos.
Post author
Publication Date