Com uma forte e representativa presença, é lançada a campanha em defesa dos perseguidos políticos do consulado“Obama, Dilma e Cabral, prenderam inocentes pra roubar nosso pré-sal!” Com essa palavra de ordem, o plenário do Salão Nobre da Faculdade de Direito da UFRJ explodiu quando o último dos perseguidos políticos alinhou-se em frente à mesa do ato convocado pela UFRJ. O evento contou com a participação do SEPE-RJ, CSP-Conlutas, PSOL, PSTU, entre outras entidades, movimentos e partidos. O ato se realizou, simbolicamente, em 31 de março, quando se completavam 47 anos do golpe militar.
Aplaudidos de pé pelo conjunto dos presentes, os 13 do Rio, a maioria de cabeças raspadas, são hoje um símbolo vivo da luta contra o imperialismo e pelo direito democrático de divergir.

Um ato amplo
Assim, o ato pelo arquivamento do processo contra os ativistas se transformou num ato contra a criminalização dos movimentos sociais e da pobreza. Fez parte da mesa a professora Laura Tavares, pró-reitora de extensão da UFRJ, representando o professor Aloísio Teixeira, reitor da universidade. Também na mesa esteve presente Flávio Martins, diretor da Faculdade de Direito da UFRJ (FND); Nilo Batista, ex-governador e ex-secretário de Segurança do estado do Rio; Zé Maria, presidente do PSTU; Cyro Garcia, presidente do PSTU-RJ; Mauricio Azedo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Marcelo Cerqueira, advogado; Rubens Casara, da Associação de Juízes pela Democracia; professor Danilo, representando a CSP-Conlutas; Aderson Bussinger, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ; Cecília Coimbra, do Tortura Nunca Mais; professor Frederico Falcão (ANDES), Paulo Ramos, deputado estadual (PDT); Chico Alencar, deputado federal (PSOL); Janira Rocha, deputada estadual (PSOL); Ivan Pinheiro, dirigente do PCB; Emanuel Cancella (Sindipetro – RJ); e Francisco, da Comissão das Vítimas do Morro do Bumba. Impossibilitado de comparecer o advogado Modesto da Silveira, histórico defensor de presos políticos, enviou por escrito sua saudação.

No plenário era marcante a presença de ativistas e dirigentes estudantis, sindicais e populares. Ali esteve representado não só o grande Rio. Compareceram representantes das Vítimas das Chuvas de Nova Friburgo, militantes de Volta Redonda, Macaé, Cachoeiras de Macau e outras regiões do estado.

Também estiveram presentes delegações de Minas Gerais, metroviários, professores de São Paulo, uma delegação de dirigentes estudantis da USP e da PUC-SP, além de representantes de outros estados.

Pelo arquivamento do processo
A tônica das intervenções explicitou o caráter das prisões. O diretor da Faculdade de Direito registrou: “Quando procurado por uma estudante, com a necessidade de organizarmos um desagravo aos perseguidos políticos do Consulado, disse a ela ‘Tem de ser aqui na FND’. Não apenas por um dos carecas, o Tibita, ser aluno nosso, mas também porque esta é uma casa símbolo das lutas contra as ditaduras em nosso país.”
Já Cecília Coimbra, do Tortura Nunca Mais, frisou: “Esta luta, em defesa dos perseguidos políticos, é também uma luta em defesa das liberdades democráticas. Não podemos permitir que coisas como essa, prisões políticas, virem a tônica, isso seria pisotear a história dos que lutaram contra a ditadura.”
A fala de Fred Falcão, que lutou contra a ditadura, tendo sido, inclusive, preso, emocionou a todos: “Tenho orgulho de ter sido subversivo na ditadura, de ter ajudado a subverter a ordem ditatorial. Hoje devemos ter orgulho de lutar para subverter a ordem desta sociedade injusta. Orgulho em ser parte de uma Central Sindical e Popular, a CSP-Conlutas – que ousou subverter o consenso em torno da presença de Obama”.

Lutar não é crime
Representando os perseguidos políticos, Gualberto Tinoco, o “Pitéu”, explicou: “Rasparam nossas cabeças, nos punham de cócoras, nos obrigavam a olhar para o chão, não olhar para nossos carcereiros, tentando quebrar nosso moral, nossa disposição de luta. Tentando fazer de nós um exemplo. Porém não conseguiram. Afinal lutar é direito, lutar não é crime”.

Falando em nome dos familiares, Chirlete Proença, mãe de dois dos perseguidos políticos (Gabriela e Yuri), afirmou: “Tivemos entre nossos familiares perseguidos e presos pela ditadura. Parece um filme que está passando de novo. Mas naquele tempo havia uma ditadura. Esses treze são perseguidos políticos. Quando isso acabar, e para nós acaba com o arquivamento do processo, vamos exigir reparação”.

Não vamos parar!
Encerrando o ato, Cyro Garcia afirmou categoricamente: “Não vamos parar a campanha em defesa dos 13 perseguidos políticos do Consulado dos EUA. Não vamos parar a campanha . Trata-se aqui da defesa das liberdades democráticas conquistadas na luta contra a ditadura”, explicou o dirigente. “A campanha se ampliará, e no final venceremos. O arbítrio não vai prevalecer.”

Assine o abaixo-assinado
O ato também lançou a campanha nacional em defesa dos perseguidos políticos do consulado. Já está disponível na internet o abaixo-assinado digital. No próprio ato os dirigentes e personalidades presentes encabeçaram um abaixo-assinado, que também tem o apoio da CSP-Conlutas, em sua última reunião.
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