Todos os trabalhadores podem recordar as promessas eleitorais. Bastava votar em um dos candidatos para que se operasse uma mudança completa na educação, saúde, transporte e moradia nas cidades. Toda a campanha do PSTU foi dedicada a mostrar que, ao estarem comprometidos com as grandes empresas, os novos prefeitos não iriam promover uma melhora na qualidade de vida das pessoas, mas a continuidade dos grandes lucros e negociatas das empresas.

Os primeiros passos dos eleitos indicam, no entanto, um caminho oposto ao anunciado nas eleições. Agora, todos justificam, com um motivo ou outro, sua inação, dizendo que não podem fazer o que querem. Um dos motivos mais citados é a dívida dos municípios.

Esse é um problema real, que sufoca as contas das prefeituras. Na verdade, é a expressão municipal do que também se passa no Estado nacional. Em 2012, o governo brasileiro pagou, em juros, 48% de todo o orçamento nacional. Ou seja, repassou para os banqueiros quase a metade de todo o dinheiro obtido com impostos e taxas. O pagamento das dívidas municipais à União é parte desse dinheiro repassado ao capital financeiro.

Esse fato gravíssimo, no entanto, já era de conhecimento dos prefeitos eleitos há muito tempo. Já sabiam disso ao fazerem suas promessas eleitorais. A dívida de São Paulo é impagável há mais de dez anos, com um patamar sempre superior ao dobro da arrecadação anual da cidade. Além disso, nenhum desses prefeitos se propõe a deixar de pagar essa dívida, porque estão de acordo com este tributo aos banqueiros.

Nenhum dos prefeitos eleitos tampouco se dispõe a deixar de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, que impõe severos limites aos gastos sociais, impedindo que a folha de pagamentos do funcionalismo dos municípios supere 60% dos gastos. Essa lei, aprovada em maio de 2000, durante o governo de FHC, foi mantida nos governos Lula e Dilma. Seu objetivo central não é impedir a corrupção, como diz a propaganda governista, mas garantir que o Estado pague a dívida aos banqueiros. Portanto, a desculpa dos prefeitos não é mais do que isso: uma desculpa.

Mas, mesmo assim, seguem as expectativas. Afinal, dizem os trabalhadores, é apenas o início dos mandatos. Mais à frente as coisas devem melhorar. Nós queremos alertar que pode acontecer exatamente o contrário. A desaceleração econômica está aproximando o país da estagnação e isso vai se refletir nas contas públicas. Assim, pode ser que as contas não melhorem e sim piorem no futuro.

É hora de acordar e exigir dos prefeitos que respondam às necessidades dos trabalhadores e do povo pobre que os elegeu. Exigir o congelamento dos preços das passagens, a legalização das ocupações e a construção de casas populares, assim como de creches.

Dilma, garanta os empregos
dos trabalhadores!
Uma expectativa ainda maior que a existente em relação aos prefeitos se concentra ao redor da presidenta Dilma Roussef. Ela herdou a popularidade de Lula e, hoje, já corre em raia própria, batendo inclusive os recordes de apoio do presidente anterior.
Não existem mistérios na explicação desse apoio popular. Por um lado, o peso do PT, CUT, MST e entidades do movimento de massas que dão uma cara popular a um governo que serve aos interesses das grandes empresas.

Por outro lado, um longo período de crescimento que possibilitou garantir altíssimos lucros para as grandes empresas e algumas pequenas concessões, como a ampliação do emprego, pequena elevação do salário mínimo e o Bolsa Familia. Esse crescimento foi alavancado em um avanço ainda maior do crédito, elevando artificialmente o nível de consumo. As dívidas, hoje, consomem 44% do orçamento anual das famílias. Isso vai terminar explodindo em uma enorme bolha financeira.

Hoje, existe um nervosismo crescente nas cúpulas governistas. O anúncio do crescimento de 1% ou menos na economia lançou dúvidas sobre a continuidade da situação atual do governo, lançando nuvens nas perspectivas para 2014. O governo reage, lançando toda sorte de estímulos às grandes empresas. Mas não se preocupa em nada com os reflexos da economia sobre os trabalhadores.

É nesse sentido que a luta dos metalúrgicos da GM tem uma enorme importância para todos os trabalhadores do país. Em primeiro lugar, a batalha contra a demissão de 1800 operários da GM de São José dos Campos lança luzes sobre um fato que o governo quer esconder debaixo do pano: a forte desaceleração da economia coloca no horizonte a possibilidade de uma crise econômica no país. É um alerta para os trabalhadores de que esse período de crescimento está chegando ao seu limite.

Em segundo lugar, é um teste para o governo Dilma. Os trabalhadores devem acordar e enxergar a Dilma real. Até agora, o governo se dedicou a dar todos os tipos de concessões para as multinacionais produtoras de automóveis. Diminuiu o IPI por várias vezes e, agora (com plano Inovar-Auto), estendeu a redução até 2017. No entanto, a empresa quer demitir 1800 trabalhadores.

Os trabalhadores de todo o país devem exigir que Dilma garanta o emprego dos metalúrgicos da GM. É uma sinalização de qual será a atitude do governo em relação aos trabalhadores perante a possibilidade de que a crise chegue ao país.

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