“Difícil distinguir um assalto a banco da fundação de um banco”. Esse ditado talvez nunca tenha sido tão atual. Nas últimas semanas, as principais instituições financeiras do país divulgaram seus lucros exorbitantes. Mais uma vez, quebraram recordes com que nenhum medalhista olímpico jamais sonhou.

O Itaú, maior banco privado do país, lucrou R$ 6,4 bilhões no primeiro semestre de 2010, 40% a mais do que no ano passado. O Banco do Brasil registrou lucro líquido de R$ 5,1 bilhões, um crescimento de 26,5%. Já o lucro do Santander no Brasil dobrou, atingindo R$ 2 bilhões. O banco espanhol faturou tanto que hoje o Brasil representa 22% de sua receita mundial. Juntos, os cinco maiores bancos no país lucraram R$ 21 bilhões no primeiro semestre. O presidente Lula comemorou os números. “Graças a Deus os bancos estão ganhando dinheiro, porque quando eles não ganham dinheiro, eles dão mais prejuízo”, disse.

Mais uma vez, o governo do PT quebrou outro recorde tucano. Nos dois mandatos de FHC, os bancos lucraram R$ 34,3 bilhões. Já nos dois mandatos de Lula, a previsão é de algo em torno de R$ 170 bilhões, ou seja, cinco vezes mais.
Esses lucros estupendos estão diretamente relacionados ao fato de o governo petista manter e aprofundar a política econômica neoliberal, que impõe altas taxas de juros à população. Entretanto, os lucros também estão relacionados ao aumento da procura por crédito.

O crescimento na carteira de empréstimos para pessoas físicas, especialmente do chamado crédito consignado, é um traço comum entre os banqueiros para explicar o forte aumento dos lucros. Essa modalidade de empréstimo foi criada em 2003 pelo governo Lula, sob a desculpa de facilitar o acesso dos pobres aos empréstimos bancários.

Trata-se, porém, de uma armadilha contra o setor mais pobre da população, aposentados, funcionários públicos e trabalhadores da iniciativa privada, que têm descontado direto nos salários os empréstimos contraídos nos bancos. Desde sua criação, o empréstimo consignado vem crescendo mais de 100% ao ano. Em 2009, o aumento foi de 118,6%. As taxas de juros anuais são em média de 30% (bem diferentes daquelas cobradas pelo BNDES aos empresários), e a rentabilidade é certa para os banqueiros, uma vez que o risco de inadimplência é zero.

Apesar dessas somas astronômicas, os trabalhadores bancários enfrentam o aumento da rotatividade na categoria. Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioecônomicos) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), 18.261 trabalhadores foram despedidos em 2010. E o pior é que os salários dos novos contratados foram reduzidos em 38%.

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