Foto Governo do Estado de SP
Vera Lúcia, pré-candidata à Prefeitura de SP

Vera Lúcia, pré-candidata à prefeitura de São Paulo

Nesta segunda-feira, 23, em entrevista coletiva oficial, o governador de São Paulo, João Dória (PSDB) elogiou a MP 927 de Bolsonaro e  confirmou que toda a indústria e o transporte de São Paulo vão continuar funcionando normalmente. Trata-se de uma quarentena “fake” para milhões de trabalhadores para garantir o lucro de poucas dezenas de empresários.  É preciso auto-organização da classe para garantir uma quarentena geral e real.

Manter tudo funcionando é irresponsável e “acelera” o coronavírus

A manutenção do funcionamento normal da indústria e do transporte público é um crime, joga milhões de trabalhadores à própria sorte e favorece a escalada de propagação do vírus junto à classe trabalhadora, e em particular aos operários e operárias. É uma medida irresponsável e criminosa.

É verdade que há setores estratégicos da indústria que não podem parar, como algumas fábricas alimentícias, químicas e farmacêuticas, por exemplo. Mas as demais não precisam continuar funcionando e os trabalhadores devem ser liberados com licença-remunerada imediatamente.

Entre as que são essenciais, é preciso reduzir turnos, fazer jornadas alternadas, concentrar a produção em alimentos e produtos necessários à promoção de saúde e da vida.

O mesmo se dá no caso do transporte. É completamente certa a necessidade de transportar pessoas com necessidades médicas, que precisam comprar alimentos, além de profissionais da saúde, segurança e trabalhadores dos serviços essenciais. Mas para isso não é necessário que o transporte funcione normalmente, é possível garantir com um contingenciamento, com redução de turno e limitação de linhas.

O “acelera São Paulo” do governador João Dória é neste momento o “acelera o coronavirus”: porque já é de conhecimento público e comprovado cientificamente, como explicou o doutor em Biologia, Átila Lamarino, em vídeo que se viralizou nas redes, que cada semana de atraso no isolamento social pode custar meses para contenção do vírus e aumento dos infectados e das mortes.

Medidas para proteger os trabalhadores e toda população

Dória e Bolsonaro, que se diferenciaram em alguns pontos, têm muito acordo que os trabalhadores paguem com o desemprego, a falta de salários, a fome e a própria vida as consequências da pandemia. Frente à ganância dos patrões e a proteção que os governos dão a eles, é urgente estabelecer medidas mínimas:

– Paralisação de toda a indústria que não seja essencial, garantindo licença remunerada a todos dos trabalhadores;

– Organização dos turnos e horários de funcionamento da indústria essencial (alimentação e produção de remédios e insumos hospitalares e farmacêuticos), de modo a produzir o estritamente necessário à alimentação e saúde, assegurando todos os equipamentos de proteção e higiene, além de assegurar teste e coronavírus a todos os trabalhadores que tenham sintomas graves ou não.

– Organização da produção a serviço da vida. Se os trabalhadores têm de arriscar a sua vida que seja para manter a de outros. As usinas do estado devem produzir álcool 70% em grande escala, as químicas de insumo hospitalares respiradores, máscaras, luvas entre outros.

– Organizar um plano de contingenciamento no transporte público, para servir ao deslocamento exclusivo de emergências e profissionais das áreas essenciais de forma gratuita.

Auto-organização dos trabalhadores para estabelecer uma quarentena geral!

O presidente e o governador, na quarentena de seus gabinetes e mansões confortáveis, vão dizer que não é possível aplicar essas medidas porque a economia não pode parar e não há recursos. Frente a isso, os trabalhadores precisam usar sua força coletiva para impô-las, exigindo dos sindicatos e centrais que paralisem as fábricas e organizem o controle da produção nas que não podem parar completamente.

Onde a direção do sindicato está junto com o patrão, é preciso organizar comissões de trabalhadores para  exigir dos patrões abertura das  planilhas  e que esta comissão assuma a organização e controle da produção: os trabalhadores devem se recusar a trabalhar sem as mínimas condições de higiene e decidir coletivamente o que abre e o que fecha, o que será produzido e que será distribuído, assim como, organizar junto ao setor de transporte o mínimo necessário de funcionamento para circulação de pessoas. E sobre a desculpa de que não tem dinheiro, que se estatize as empresas privadas e que os poucos empresários sacrifiquem seus lucros em favor da vida de milhões.