A revolução cubana, iniciada em 1959, foi parte de uma série de processos do segundo pós-guerra que deuorigem a novos Estados operários com economias de transição ao socialismo (como Iugoslávia, China e Cuba), grandes conquistas dos trabalhadores, chegando a abarcar um terço da humanidade.

Em Cuba, a direção de Fidel e Raúl Castro e de Che Guevara não tinha origem nos partidos comunistas, mas na pequena burguesia que lutava contra a ditadura de Fulgencio Batista, pela democracia. Uma vez tomado o poder, empurrada pelas circunstâncias, essa direção avançou para além de seu programa inicial, rompeu com o imperialismo e a burguesia cubana e expropriou-os, e iniciou a construção do primeiro Estado operário da América Latina.

O povo cubano conseguiu avanços imensos na educação e na saúde públicas, com níveis comparáveis aos países imperialistas, e superou, nesses aspectos, Brasil, México e Argentina. Foram eliminadas a pobreza extrema e a miséria, algo reconhecido pelos próprios estudos dos organismos internacionais imperialistas.

Cuba se converteu em um símbolo do que uma revolução socialista seria capaz, nas próprias barbas do imperialismo. Seus dirigentes, Fidel e Che Guevara, passaram a ser a referência política de milhões de lutadores e revolucionários no mundo.
Mas, desde o início, essa direção reproduziu em Cuba o modelo burocrático e antidemocrático do stalinismo soviético, conhecido como “socialismo em um só país”.

Coerente com essa posição, sua política externa sempre privilegiou a defesa de seu próprio Estado e a busca de acordos com governos burgueses “amigos”, em prejuízo do desenvolvimento dos processos revolucionários, como mostra o apoio aos governos de Juan Perón, na Argentina, e de Velasco Alvarado, no Peru, na década de 1970. Essa foi sua orientação à direção sandinista em 1979, de não avançar para a expropriação da burguesia e a construção de um novo Estado operário na Nicarágua.

A restauração em Cuba
A partir da segunda metade dos anos 70, os desastres da direção burocrática e a mudança nas condições econômicas internacionais levaram à estagnação e às crises das economias de transição nacionais em todo o Leste Europeu. A burocracia stalinista abandonou qualquer defesa das bases dessas economias e começou a aplicar, de modo cada vez mais acelerado, planos restauracionistas.

Em Cuba, entre 1977 e 1983, foi feita uma série de reformas pró-capitalistas isoladas e parciais, que prepararam o caminho, mas que ainda não significavam a restauração do capitalismo. Nesse período, legalizaram-se as cooperativas, e uma série de trabalhos e profissões foi liberalizada para a atividade privada.
A partir de 1990, houve uma grande mudança após a restauração capitalista na União Soviética, em 1986, e da queda da própria URSS, em 1991. A crise da economia cubana piorou, debilitada pela suspensão da ajuda da burocracia soviética.

A direção castrista, com Fidel no comando, passou a aplicar uma política de desmonte das bases do Estado operário. Assim, deixaram de existir: a expropriação das principais alavancas da economia, sua centralização em mãos do Estado e o plano econômico estatal planificado centralmente. Também se eliminou o monopólio do comércio exterior. Foram todas medidas tomadas nos anos 90, como a dissolução da Junta Central de Planejamento (1992), a autorização às empresas para comercializar livremente com o exterior e a Lei de Investimentos Estrangeiros (1995), que permitiu a existência de empresas privadas estrangeiras com direito a repatriar até 100% dos lucros. Cuba voltou a ser um Estado capitalista porque sua economia obedece ao pleno funcionamento da lei do valor e à busca do lucro privado.

Post author Uma publicação da LIT-QI
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