Na sexta-feira, dia 18, o presidente Lula falou sobre a greve dos trabalhadores dos Correios, no lançamento de uma obra no Rio Grande do Sul. Ele defendeu a proposta rebaixada da direção da emmpresa e afirmou que “o bom dirigente sindical é aquele que tem coragem de começar a greve e tem coragem de acabá-la”. Em seu recado, ainda ameaçou, citando os “prejuízos enormes” que poderiam ocorrer aos trabalhadores.

No mesmo dia, os sindicalistas ligados ao governo entenderam o recado e tentaram acabar com a greve dos Correios. A CTB, através de muita manobra e até com agressões físicas, conseguiu tirar os sindicatos do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Santos da greve. Mas enfrentou uma forte resistência, como no Rio, onde centenas de trabalhadores enfurecidos cantaram a palavra de ordem: “Dois anos não, sindicato pelegão!”. Neste mesmo dia, 22 assembleias decidiram continuar com a paralisação.

SAUDAÇÕES A QUEM TEM CORAGEM: A GREVE CONTINUA!
Na segunda, dia 21, a CTB tentou aprovar o acordo em São Paulo e Brasília, mas fracassou. A base demonstrou que não está disposta a aceitar o acordo de dois anos e votou pela continuidade da greve. Foi a segunda vez que a proposta da empresa foi rejeitada em São Paulo, nas escadarias da Catedral da Sé.

A greve em nível nacional continua forte, apesar das manobras da burocracia sindical. Ao fecharmos esta edição, a maioria dos sindicatos continuava em greve. A categoria aprovou contraproposta na sexta-feira, dia 18, e a encaminhou para o comando de greve apresentar à empresa.

A oposição nacional da Conlutas batalha para fortalecer a heroica greve nacional a partir de São Paulo, Brasília, Rio Grande do Sul e Nordeste, e propõe novas assembleias nos estados que saíram do movimento, como o Rio. A mobilização e a unidade dos trabalhadores podem derrotar o acordo rebaixado e as ameaças de privatização com o projeto Correios S.A., que ameaça o caráter público e social da empresa. Para isso, os trabalhadores terão de derrotar também suas direções sindicais govenistas, que estão atreladas aos partidos que compõem o governo, como PT e PCdoB.

Sarney e Collor
Infelizmente, o presidente Lula deu mais uma demonstração de que lado está. O dirigente sindical reconhecido no mundo todo como líder das greves contra a ditadura, hoje, como presidente da República, se rende ao apoio de figuras tão ligadas à corrupção, como os senadores José Sarney e Fernando Collor de Melo, inimigos conhecidos do povo brasileiro e dos trabalhadores dos Correios.

E é capaz de chamar de covarde uma categoria que tem um piso salarial de 648,15 reais. A resposta dos trabalhadores foi dada na assembleia com ampla participação dos os setores em greve. A categoria votou a continuidade do movimento, passando por cima da diretoria do sindicato. O recado está dado. Covarde é quem se rende a Sarney e Collor para se manter no poder.

Post author Geraldinho Rodrigues, de São Paulo (SP)
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