Já era dia quando o presidente da comissão eleitoral, Nailson Oliveira Moura, anunciou o resultado da eleição do Sindicato dos Petroleiros de Sergipe e Alagoas. Os militantes da Conlutas soltaram o grito preso na garganta: “A chapa 1 é radical, não é capacho do governo federal”. Após uma noite em claro, eles aplaudiram os 1.373 votos válidos, ou 61%, da chapa da Conlutas. A chapa derrotada, da FUP/CUT (Federação Única dos Petroleiros), recebeu 864 votos, ou 39%. Os votos nulos foram 40 e os brancos 176, totalizando 2.453 votos.

As eleições ocorreram entre 27 e 29 de maio. O número de sócios com direito a voto foi de 4.500. O sindicato representa os trabalhadores petroleiros, petroquímicos, químicos, terceirizados, aposentados e pensionistas que, somados, são aproximadamente 12 mil na base.

Democracia
O processo eleitoral começou em janeiro, com um seminário de planejamento realizado em Alagoas. Lá foram aprovados o calendário, a data do edital de convocação, o dia da assembléia para escolher a comissão eleitoral e, por fim, os dias da votação. Para não haver favorecimento, os materiais da campanha das duas chapas foram pagos pelo sindicato.

Mais de cem pessoas participaram da campanha da chapa 1, da Conlutas. Participaram dirigentes da FNP (Frente Nacional de Petroleiros) de Manaus, Pará, Maranhão, Amapá, São José dos Campos (SP), litoral paulista e Rio de Janeiro.

Debate na categoria
Os principais debates foram a independência do sindicato frente às empresas e ao governo federal, as reivindicações da categoria e a filiação dos terceirizados ao sindicato. A chapa da FUP/CUT era contra que os trabalhadores não efetivos, os que mais sofrem, sejam sócios do Sindipetro.

Os trabalhadores não aceitam sindicato ligado ao governo e às empresas”
O Opinião Entrevistou Clarkson Araújo, da diretoria colegiada do sindicato e da Frente Nacional de Petroleiros (FNP), que falou sobre a importância do resultado.

Opinião Socialista – Qual é o significado da vitória?
Clarkson – Em primeiro lugar, ficam evidentes o processo de reorganização e o fortalecimento da Conlutas. Em segundo lugar, foi um acerto nossa filiação à Conlutas em 2005.

Como foi a campanha da chapa 2?
Fizeram muitos ataques à Conlutas, mas a categoria não entrou nessa campanha de calúnia. E mais, o número de votos em relação à eleição passada aumentou. Isso quer dizer que a categoria está consciente do papel que cumpre a Conlutas.

A oposição defendia o governo Lula. Como a categoria viu isso?
Os trabalhadores da nossa categoria de Sergipe e Alagoas deixaram bem claro que não aceitam o sindicato ligado ao governo federal e às empresas. Os votos na nossa chapa são um sinal de que a categoria está pronta para enfrentar o governo caso venham os ataques que retiram direitos.

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