A chave da evolução da nova situação política internacional é saber como vão reagir os trabalhadores à crise econômica.

Leon Trotsky, falando sobre as grandes crises da década de 20, dava pistas sobre o tema: “Essa circunstância reforça nossa convicção de que os efeitos de uma crise sobre o curso do movimento operário não são tão unilaterais como certos simplistas imaginam. Os efeitos políticos de uma crise (não só a extensão de sua influência mas também sua direção) estão determinados pelo conjunto da situação política existente e por aqueles acontecimentos que precedem e acompanham a crise, especialmente as batalhas, os êxitos ou fracassos da própria classe trabalhadora anteriores à crise. Sob um conjunto de condições, a crise pode dar um poderoso impulso à atividade revolucionária das massas trabalhadoras; sob um conjunto diferente de circunstâncias, pode paralisar completamente a ofensiva do proletariado e, em caso de que a crise dure demasiado e os trabalhadores sofram demasiadas perdas, poderia debilitar extremadamente, não só o potencial ofensivo, como também o defensivo da classe.”

Não existe, portanto uma determinação prévia que assegure uma evolução ou outra como consequência automática da crise. É preciso avaliar as condições concretas em que os trabalhadores chegam ao atual momento, assim como as tendências demonstradas por suas lutas iniciais.

O primeiro elemento a ser destacado é objetivo: o proletariado se fortaleceu socialmente como classe no último período de crescimento econômico. Não estamos vivendo a década de 90, na qual houve uma diminuição importante do peso numérico e social do proletariado. Por exemplo, no Brasil, o número de metalúrgicos caiu na década de 90 para menos da metade dos anos 80. Desde o início deste século esse setor vem se recuperando, estando hoje 40% maior que no final da década passada. Não se recompôs o número da década de 80, mas é fato que o proletariado brasileiro se ampliou e fortaleceu numericamente.

Novas regiões industriais se formaram, novas fábricas foram instaladas. Apesar de ser um processo extremamente desigual, isso ocorreu em vários países. Para dar alguns exemplos, aconteceu na Argentina e em boa parte da América Central, assim como na China. Isso tem enorme importância porque, se estivéssemos na situação da década de 90, com diminuição do proletariado e seguidas derrotas, a tendência seria de fracasso. Agora já ocorrem lutas, como as dos operários da Nissan na Espanha, a ocupação de uma fábrica de janelas e portas em Chicago, nos EUA, a luta dos metalúrgicos da GM e dos mineiros da Vale em Itabira e Congonhas.

Ainda como elemento muito progressivo, desapareceu o aparelho stalinista mundial, fundamental para a derrota das revoluções, como vimos nos exemplos das décadas de 1920-1930 e nas de 1960-1980.

Por outro lado, as correntes revolucionárias ainda são muito minoritárias. O peso dos aparatos reformistas social-democratas, como o PT, ainda é muito grande, assim como das direções nacionalistas burguesas, como Hugo Chávez e os aparatos stalinistas que sobraram.

O peso das burocracias sindicais reformistas é enorme. O ascenso de governos de frente popular e nacionalistas burguesas na América Latina potencializou o fortalecimento material dessas burocracias com o aproveitamento do aparato de estado. Por outro lado, facilitou o surgimento de novas direções, como a Conlutas, no Brasil; Batalha Operária, no Haiti; Tendência Classista Combativa, no Uruguai; Mesa Coordenadora Sindical, no Paraguai; Corrente Classista Unitária Revolucionária Autônoma (C-CURA), na Venezuela.

Houve uma enorme confusão ideológica com a queda das ditaduras do Leste Europeu, sem que se tenha estabelecido uma alternativa socialista de alternativa. As ideologias capitalistas estão vindo abaixo com essa crise, mas ainda sobram grandes dúvidas se há ou não possibilidades reais de concretizar uma nova experiência socialista.

O proletariado chega a esta crise mais fortalecido socialmente que no fim do século passado. Sem o peso do aparato stalinista nas costas, mas com uma enorme confusão ideológica e grandes ilusões em novos setores reformistas. Isso pode favorecer grandes derrotas, como ensinam as experiências das revoluções passadas.

A possibilidade de conseguir chegar a novas revoluções vitoriosas se resume então a responder a duas perguntas-chave: o proletariado se lançará em grandes lutas revolucionárias? Irá reconstruir nessas lutas uma direção revolucionária de massas?
O PSTU se considera, como partido revolucionário, um ponto de apoio para o desenvolvimento de uma direção revolucionária no país, como projeto para unificar distintos grupos e correntes com a mesma estratégia. Com o mesmo conteúdo, a Liga Internacional dos Trabalhadores busca unificar as correntes revolucionárias que estejam de acordo com um programa a reconstruir a Quarta Internacional.

O que se pode afirmar agora é que o momento dos grandes enfrentamentos se aproxima. Os prazos para a construção de direções revolucionárias se encurtam. As batalhas decisivas se aproximam.

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