PSTU-SP
Priscila Lírios (Xerexu), professora municipal de São Paulo
No dia 31 de janeiro, quinta-feira, a região da Avenida Paulista (SP) foi tomada por mais de 500 indígenas de diversas etnias e coletivos, trabalhadores, estudantes, movimentos e partidos que somaram forças contra a Medida Provisória (MP) 870/2019.
Proposta pelo governo Bolsonaro no início deste ano, a MP transfere a identificação, delimitação, reconhecimento e demarcações de terras indígenas para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, retirando da Funai qualquer envolvimento e autonomia para atuar nesses processos. Hoje quem assume o Ministério é a representante do agronegócio Tereza Cristina, conhecida como “musa do veneno”.
Em 2019, alguns territórios indígenas já foram invadidos, como a (TI ) Arariboia e Awa Guajá no Maranhão. Estes casos se somam a mais de 96 outras invasões desde 2017 segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Não é à toa, portanto, que as populações indígenas vivem o medo e o pânico de suas terras serem tomadas, de suas lideranças serem mortas e suas crianças exterminadas, pois esta é uma prática comum do agronegócio, que nunca é punida pela Justiça.
A luta por demarcações, homologações e pela sobrevivência das populações indígenas vem de longe. O governo do PT, por exemplo, foi o que menos demarcou terras indígenas nos últimos 30 anos. Dos 21 territórios indígenas homologados, somente um se encontra no centro-sul do país onde os conflitos são mais intensos conforme as informações do Instituto Socioambiental (ISA). Não podemos esquecer também do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) proposto pelo governo Dilma, no qual a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte retirou as terras das populações indígenas e ribeirinhas que dependiam do Rio Xingu para sobreviver.
É preciso unificar as lutas
É fundamental unir os de baixo contra os ataques de Bolsonaro. Só assim nós, trabalhadores da cidade e do campo, teremos chance de vencer. A CSP- Conlutas deu um grande exemplo nesse sentido, ao incluir com peso no seu calendário de mobilizações a luta em defesa dos povos indígenas, quilombolas e camponeses e a favor da demarcação de terra, titulação e reforma agrária.