Em plebiscito organizado nos dias 4 a 6 de junho, os estudantes do curso de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) decidiram pela ruptura com a UNE governista. O plebiscito teve votação de cerca de 110 estudantes, e a grande maioria dos que votaram optaram pela ruptura com a UNE.

Abaixo, reproduzimos o panfleto de um grupo de estudantes do curso da história, formado pela Juventude do PSTU e Independentes, que convocaram o plebiscito de forma unitária com o Centro Acadêmico e outras organizações. Neste mesmo período, o movimento estudantil combativo da UFRGS estava organizando a ocupação da Reitoria, que repercutiu nacionalmente e teve conquistas importantes para os estudantes.

PLEBISCITO DA HISTÓRIA: PATA ROMPER COM A UNE
A cada dia, ficamos sabendo de mais um ataque aos nossos direitos. No início do ano, conseguimos derrotar parcialmente o projeto de extinção da permanência. Isto só foi possível através de nossa organização e mobilização. Alertamos que a nossa vitória foi parcial, pois a reitoria está tentando agora “regulamentar“ a permanência, como a inclusão de critérios de limites de reprovações (FF, por exemplo) no currículo para se candidatar à permanência. Há também a Toca. O Arcanjo faz uma campanha entre os alunos da letras para colocar estudante contra estudante, com o objetivo de buscar apoio e respaldo para transformar aquele espaço de vivência histórico dos estudantes numa sala de Ensino a Distância (EaD). Conquistamos um compromisso da reitoria em reformar e reabrir a Toca. Já se passou mais de um mês e meio desde o incêndio da Toca e até agora ela continua fechada. Se não agirmos, é possível que, quando voltarmos das férias em agosto, a Toca já seja uma sala de EaD.

A UNE defende a reforma universitária que privatiza o ensino público superior
Esses debates estão inseridos num contexto de iniciativas do governo Lula em privatizar o ensino público e sucatear a qualidade do ensino. Só este ano, ele cortou cerca de R$ 1 bilhão das verbas para o ministério da educação. Isso faz com que as reitorias tenham que buscar recursos em acordos com empresas, como é o caso da Gerdau e da Aracruz aqui na UFRGS. Estas empresas exigem que nós desenvolvamos pesquisas para seus interesses privados. Isto já é a privatização, pois nos tornamos reféns do setor privado em matéria de pesquisas, já que só haverá investimento em áreas de conhecimento rentáveis. Outro elemento da reforma universitária do Lula é a proliferação de cursos com salas de aula virtuais, o EaD. Já podemos assistir na televisão propagandas de cursos de pedagogia e administração virtuais, aqui na UFRGS esses cursos também já existem a distância. Nestes comerciais, aparecem jovens “assistindo aulas“ no ônibus ou enquanto lavam roupas. A reforma universitária visa destruir a qualidade de ensino, formando mão-de-obra barata e desqualificada.

A UNE morreu para a luta
Só a nossa organização e luta poderão derrotar os projetos neoliberais do governo. Porém, a UNE, entidade que deveria lutar pelos nossos interesses, está ao lado de Lula e defende a reforma universitária. Há quase duas décadas que a UJS, juventude ligada ao PCdoB, está na direção da UNE. De dois em dois anos, há um congresso dessa entidade, em que a UJS nunca perde nenhuma votação, pois ela o frauda em seu favor. Não há nenhuma possibilidade de os lutadores vencerem o congresso e transformarem a UNE no que nos anos 80 ela já foi, uma entidade em defesa dos estudantes. A UNE legitima os ataques do governo Lula à educação. A UNE morreu para a luta. É necessário romper com esta entidade e construir uma ferramenta democrática e de luta dos estudantes.

Construir uma alternativa
Nós reconhecemos que existe um setor lutador dentro da UNE. Junto com este setor, construímos um encontro no dia 26 de março em São Paulo que conformou a Frente Nacional de Luta Contra a Reforma Universitária. Este encontro foi construído por fora da UNE, o que demonstra, mais uma vez, a sua falência. Esta Frente organizou um calendário de lutas e mobilizações nacionais para derrotar as reformas neoliberais do governo Lula em conjunto com os trabalhadores e movimentos sociais, que no dia 25 de março concretizaram a Frente Nacional de Luta contra as Reformas. Foram realizadas diversas manifestações, como o último dia 23. Entretanto, é preciso avançar. Por isto, nós fazemos um chamado aos lutadores que ainda permanecem na UNE para debaterem conosco a construção de uma alternativa que rompa os marcos da UNE e seja superior à própria CONLUTE, que unifique as lutas e derrote a reforma universitária. É necessário romper com a UNE, e os estudantes da história podem dar um passo rumo a um novo movimento estudantil, votando NÃO no plebiscito. Dizendo, com todas as letras: A UNE NÃO ME REPRESENTA!

Vote NÃO no plebiscito para que o CHIST rompa com a UNE e siga lutando!
Uma grande onda de mobilizações vem tomando conta das universidades públicas. É a resposta do movimento estudantil aos ataques dos governos à educação. Como vimos, as coisas aqui na UFRGS não são muito diferentes. Só a mobilização estudantil vai garantir a resistência e a possibilidade de novas conquistas. Temos o grande exemplo dos estudantes da USP. Precisamos avançar!