1. O temor de enfrentar os poderosos interesses econômicos e sociais responsáveis pela perpetuação do capitalismo dependente e de todas as suas mazelas tornou o governo Lula refém do capital financeiro internacional e das velhas e novas elites nacionais. Sem raio de manobra para enfrentar a dramática crise econômica legada pela malfadada administração FHC, o governo Lula jogou-se de corpo e alma no esforço de reciclar, aprofundando o padrão de acumulação neoliberal, promovendo reformas que atacam os direitos dos trabalhadores e aceleram o processo de reversão neocolonial. Fraudando a esperança da grande maioria do povo, o circulo vicioso que caracteriza a história brasileira se repete: nos momentos de crise do capitalismo, as classes dominantes promovem a socialização dos prejuízos; na bonança, garantem a privatização dos benefícios.
2. O processo de intimidação e caça às bruxas desencadeado pela direção do Partido dos Trabalhadores contra os parlamentares que resistem à capitulação e o esforço desesperado de bloquear o debate público sobre o caráter das reformas impostas pelo FMI revelam de maneira inequívoca que o campo majoritário renunciou a qualquer projeto de transformação da ordem para fazer do PT um partido de defesa da ordem com todos os seus cacoetes. A metamorfose do PT em um partido convencional tem sérias conseqüências para o futuro da Nação.
3. Sem forças políticas fortes e aguerridas capazes de refrear a sanha de negócios do capital, os efeitos destrutivos das políticas neoliberais serão ainda maiores, aprofundando a barbárie que avança dia a dia. A complexa conjuntura política gerada pelo inaceitável conservadorismo do governo Lula e pela radical guinada à direita da direção do Partido dos Trabalhadores reclama a constituição de uma oposição de esquerda ao governo e coloca grandes desafios para a esquerda brasileira.
4. É tarefa prioritária de todos os militantes socialistas: esclarecer a população sobre o desvio de rota do governo Lula e resistir com unhas e dentes ao avanço da ordem neoliberal. No entanto, sem alternativas que abram novos horizontes para os brasileiros, a resistência é inglória, uma vez que fadada à derrota. É, portanto, urgente construir uma referência política que ofereça à sociedade um projeto de mudanças estruturais capaz de resolver os problemas da grande maioria da população.
5. Preocupados em responder os desafios colocados pelo delicado momento histórico, os companheiros e companheiras reunidos em São Paulo clamam por uma grande conferência nacional que reúna todos os militantes comprometidos com o combate ao neoliberalismo e a construção do socialismo no Brasil para discutir as tarefas da revolução brasileira e os desafios da esquerda.
Conferência de Socialistas
São Paulo, 17 de maio de 2003
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