Foto Agência Brasil

Os caminhoneiros não aceitaram o engodo do governo e, contrariando a maioria de suas direções, mantiveram a greve nacional que chega ao seu 5º dia nesta sexta-feira, 25. Há paralisações em 24 estados e no DF, com mais de 500 pontos de bloqueio.

Na noite desta quinta-feira, o governo anunciou um acordo com as direções de sindicatos e entidades da categoria no qual se compromete a reduzir o Cide sobre o diesel e garantir desconto de 10% sobre o combustível durante 30 dias. No dia anterior, o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, havia proposto o desconto em troca de uma trégua por 15 dias.

Ainda na quinta-feira, já havia sinalização de que a tentativa de acordão para acabar com o movimento fracassaria. Representante da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), uma das entidades presentes na mesa de negociação, abandonou a reunião e disse que a greve continuaria. Mesmo assim, o governo e a maioria das direções das entidades mantiveram o acordo e anunciaram à imprensa o fim da paralisação. Pela proposta do governo, além da redução do imposto sobre o diesel, haveria subsídios à Petrobrás para garantir o desconto. Ou seja, a política de aumento de preços da empresa continuaria e mais dinheiro público garantiria os lucros dos acionistas estrangeiros da Petrobrás.

Enquanto os telejornais anunciavam a suspensão da greve, no WhatsApp pipocavam mensagens e vídeos de caminhoneiros nas estradas dizendo que a greve continuava e que não reconheciam o acordo. E na manhã desta sexta-feira, o movimento não só não terminou como se ampliou. O país amanheceu com centenas de bloqueios nas principais rodovias, e já com desabastecimento nos postos de gasolina e supermercados. Praticamente todas as montadoras pararam. Os aeroportos começam a parar com a suspensão dos voos. O transporte público também vem sendo afetado, assim como a coleta de lixo. A população, por sua vez, mesmo sentindo os efeitos da greve, apoia de forma massiva os caminhoneiros, que têm canalizado a indignação contra esse governo e a crise social.

Diversas categorias como os motoqueiros, motoristas de vans e perueiros também estão se mobilizando em apoio aos caminhoneiros e pela redução do preço do combustível. Estivadores e petroleiros também se mobilizam. No Rio de Janeiro, taxistas ocuparam uma praça de pedágio na Linha Amarela e liberaram a passagem aos motoristas. Ações semelhantes se reproduzem por todo o país.

Feirantes fazem manifestação em apoio à greve dos caminhoneiros. Foto Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Greve Geral
A greve dos caminhoneiros se juntou às várias greves e mobilizações que aconteciam pelo país e colocou o governo nas cordas. A continuidade e ampliação do movimento nesta sexta-feira jogam por terra as acusações de “locaute” vindas do governo e de setores ligados ao PT. O que há é uma mobilização gigantesca e radicalizada contra o alto preço do combustível, um dos reflexos da crise.

Protesto na Av Paulista na tarde desta quinta-feira

É preciso cercar de solidariedade a greve dos caminhoneiros, e não permitir nenhuma repressão. Nesta quinta-feira a Justiça permitiu o uso das Forças Armadas para forçar a liberação das rodovias federais. É hora de unificar as lutas, construir uma pauta comum que some as justas reivindicações dos caminhoneiros e as necessidades dos demais trabalhadores, e chamar uma Greve Geral que pare de vez esse país. Uma Greve Geral para reduzir o preço do combustível, mas também o do gás de cozinha, situação que aflige milhões de famílias pobres pelo país.

A política de reajustes nos preços do petróleo faz parte do avançado processo de privatização da Petrobrás. Processo este que incluem a entrega do Pré-sal pelos governos do PT ao capital estrangeiro e a política de desinvestimentos da “estatal”. Os brasileiros pagam caro pelo petróleo produzido aqui para garantir os lucros de meia dúzia de acionistas na bolsa de Nova Iorque. Para resolver essa situação é preciso reestatizar a Petrobrás, por uma Petrobrás 100% estatal sob o controle dos trabalhadores e não de políticos corruptos, e que produza para atender as necessidades da população e não de investidores internacionais.

É preciso uma Greve Geral para resolver o problema do desemprego dos mais de 27 milhões de trabalhadores, pela revogação da reforma trabalhista, pela redução da jornada sem redução dos salários, contra qualquer tipo de reforma da Previdência e, finalmente, para botar para fora esse governo Temer já.

As direções das centrais precisam convocar uma reunião urgente para preparar essa Greve Geral.

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