Um passeio pelas ruas das grandes cidades revela com facilidade a forte presença das multinacionais no Brasil. Marcas como Blockbuster, McDonald’s, Nike, Carrefour e Wall-Mart são algumas mostras da enxurrada estrangeira.

A dominação da nossa economia pelas multinacionais deu um salto gigantesco nos anos 90. Isso aconteceu por meio de políticas implementadas pelos governos neoliberais de plantão, como o de FHC. As medidas que permitiram essa invasão foram a abertura econômica (que facilitou o ingresso do capital estrangeiro no país), as negociatas das privatizações das estatais (como as dos setores de energia e de telecomunicações) e as aquisições pelo capital estrangeiro de empresas nacionais.
Somado a isso, encontra-se também o pagamento da dívida externa, cujo mecanismo permite que o imperialismo tome todas as decisões importantes sobre qual plano econômico deve ser adotado no país.

Entre 1995 e 2000, segundo uma pesquisa da Federação das Associações Comerciais, Industriais, Agropecuárias e de Serviços de Minas Gerais, 835 empresas brasileiras passaram às mãos de estrangeiros.

Em 1998, das 500 maiores empresas privadas que operavam no país, 209 eram estrangeiras.

No ano 2000, o capital estrangeiro controlava 100% da indústria automobilística no Brasil; 90% do setor eletro-eletrônico; 89% do setor automotivo; 86% do setor de higiene, limpeza e cosméticos; 77% da tecnologia da computação; 74% das telecomunicações; 74% do farmacêutico; 68% da indústria mecânica; 58% do setor de alimentos; 54% do setor de plásticos e borracha; e 60% do comércio varejista (revista Exame).

Engana-se quem acha que o aumento da presença do capital estrangeiro diminui durante o governo Lula. Recentemente até mesmo a Coteminas, do vice-presidente da República José Alencar, passou por um processo de fusão com a norte-americana Springs.

Segundo levantamento do Valor Econômico, das dez empresas instaladas no país que obtiveram o maior lucro líquido em 2005, apenas duas não são controladas pelo capital estrangeiro (ver tabela abaixo).

As remessas de lucros e dividendos para o exterior aumentam assustadoramente. Em 2005, as remessas para fora do país foram de US$ 12,6 bilhões. Esse valor é o mais alto desde que o Banco Central começou a analisar esses dados, em 1947. Remessa de lucros é o dinheiro que as multinacionais mandam para fora sem nenhuma taxação. Esse capital, gerado pelo suor dos trabalhadores, não é revertido em nenhum investimento no Brasil. A conseqüência econômica e política foi a perda cada vez maior da nossa soberania.

O caso da Volkswagen

O caso recente da ameaça de demissões de 1.800 metalúrgicos da Volkswagen ilustra muito bem como atuam as multinacionais no Brasil. Instalada no país desde 1953, a empresa se tornou a maior montadora de automóveis. Seu faturamento em 2005 foi de R$ 8 bilhões.

Só nos três primeiros meses deste ano, os lucros da Volks aumentaram 150% em relação ao mesmo período do ano passado. Essas cifras foram alcançadas graças ao trabalho dos seus operários. Mas a maior parte do dinheiro é enviado para a matriz na Alemanha. Quer dizer, o dinheiro não é aplicado na criação de novos empregos.

Para ampliar seus lucros, a multinacional agora tentou reduzir drasticamente o número de funcionários e ameaçou fechar a sua fábrica no ABC. Mas a luta dos metalúrgicos impediu, ao menos por enquanto, que tal plano seja concretizado.
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