Direção do movimento impõe acordo rebaixado nos bancos públicos; reajuste real é de apenas 1,5%Após 15 dias de uma forte greve que atingiu todo o país, a direção da Contraf-CUT e dos sindicatos ligados à CUT aceitou, nesse dia 8, a proposta de reajuste oferecida pelos banqueiros. O acordo rebaixado prevê reajuste de apenas 6%, o que garante só 1,5% de aumento real aos bancários. Só para se ter uma ideia, no ano passado a categoria conseguiu 10% de reajuste.

O reajuste está longe dos 23,35% de defasagem acumulado pelos bancários dos bancos privados entre julho de 2004 a agosto deste ano. Passa ao largo também das perdas dos funcionários dos bancos públicos. Isso para um setor que foi um dos que mais lucraram no período de crise. Só no primeiro semestre do ano, os maiores bancos no país lucraram mais de R$ 14 bilhões.

A proposta dos banqueiros está abaixo até mesmo do reajuste rebaixado concedido aos metalúrgicos do ABC, de 6,53%, caso que se tornou referência do peleguismo da CUT e que desatou revoltas de base na categoria, como em Taubaté.

Banqueiros sentiram greve,
mas direção traiu o movimento

A contra-proposta apresentada pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), após uma longa intransigência, mostrou que os patrões sentiram a forte greve que se estendia há duas semanas. Além dos 6%, aceitaram conceder uma PLR (Participação nos Lucros e Resultados) com o mesmo índice do ano passado. Demonstrou também que, se prosseguisse a paralisação, os bancários poderiam conquistar muito mais.

A mesa única da Fenaban, porém, não permitiu o avanço das negociações. O Banco do Brasil já havia proposta 9,18% de reajuste, sendo os 6% da Fenaban e 3% sobre o Plano de Cargos e Salários, provando que é possível realizar um movimento unificado, com negociações separadas. O Movimento Nacional de Oposição Bancária propunha desde o início da campanha salarial mesas separadas, a fim de arrancar o máximo possível nos bancos públicos e estender as conquistas para todos os bancários.

O MNOB também se colocou radicalmente contrário ao índice rebaixado colocado na mesa da Fenaban. As direções ligadas à CUT, porém, orientaram a aceitação do acordo e foi desmontando o movimento nacional.

Greve segue na CEF e no
Banco do Brasil em várias capitais

A CEF não apresentou nenhuma proposta específica. Propõem-se apenas a seguir os índices da Fenaban. Ao contrário do BB que fez pequena concessão e, com a ajuda do comando da CUT, consegui dividir os funcionários, a empresa joga duro nesta greve.

Mas é justamente na Caixa que o movimento está mais radicalizada e forte. A proposta do MNOB/Conlutas é fazer uma caravana a Brasília, nesta terça-feira e forçar que o governo negocie. Além dos índices, os funcionários lutam por um novo Plano de Cargos e Funções, contratação de mais bancários, isonomia pela licença-prêmio.

Já no Banco do Brasil, até a tarde do dia 9, a greve prosseguia em Brasília, Belo Horizonte, Rio Grande do Sul, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Sergipe e na Paraíba.