Ato no Rio de Janeiro
Eduardo Henrique

O pré-lançamento do metalúrgico José Maria de Almeida à vice-presidência em uma frente com o PSOL de Heloísa Helena e o PCB lotou o auditório da ABI, no Rio de Janeiro, com cerca de 400 participantes, na noite desta terça-feira, dia 16,.

Organizado pelo PSTU e pelo grupo Reage Socialista, a mesa foi composta pelos companheiros Alexandre e Laura (simbolizando a unidade da esquerda nas recentes eleições do sindicato dos bancários da cidade), Cyro Garcia pelo PSTU e Daniel pelo Reage Socialista, além do vereador Paulo Eduardo Gomes (Reage Socialista – Niterói) e Zé Maria.

Foram anunciadas as presenças do grupo União Comunista, Florinda Lombardi, do acampamento Carlos Lamarca (Belford Roxo – RJ) e de delegações de Nova Friburgo, Volta Redonda, Barra do Piraí e Barra Mansa. Os presentes também demonstraram empolgante reconhecimento pelo esforço da delegação da Baixada Fluminense, que chegou com cerca de 120 companheiros, com bandeiras, faixas e ao grito de “Unir a esquerda socialista / A nossa Frente é classista!“.

Cyro Garcia iniciou o ato lembrando que trocar Lula por Alckmin era trocar o seis por meia-dúzia. Demarcou a necessidade do debate programático, citando o exemplo do que está acontecendo na Bolívia – qual seria nossa postura? – perguntou. “Nossa campanha tem que ser de apoio às lutas, como foi a do PSTU em 2004 durante a maior greve dos bancários, não uma que se limite à ética na política“.

Daniel, do Reage Socialista, ressaltou que aquele ato representava o campo que poderia garantir a discussão na base dos trabalhadores. Disse ainda que a Conlute e a Conlutas têm a tarefa de tirar os trabalhadores dessa defensiva na qual os jogou a traição do PT. Por fim, lembrou que este campo também foi o que não abandonou a compreensão da necessidade de construção de um novo partido que unisse a esquerda.

Em seguida, fizeram uso da palavra, representantes de diversas categorias em luta. Amarildo, do Sindjustiça-RJ, convocou os presentes ao abraço ao Fórum, contra as arbitrariedaes do desembargador e pela exigência a um proposta para o dissídio da categoria. Débora (SINTUPERJ) lembrou a greve dos três segmentos na UERJ, denunciou as perseguições pela greve passada e concluiu afirmando que o sucateamento da universidade faz parte do plano neoliberal de privatização. Pimentel, metalúrgico da IMBEL, pediu apoio à greve que realizam neste momento.

Acácio, da CONLUTAS-RJ, lembrou o papel da entidade na organização das campanhas contra a Previdência, contra a Reforma Trabalhista, no apoio às greves e demais mobilizações. Ainda que o Conat não tenha formalizado posição sobre a Frente Classista, disse que poderia falar em nome de grande parte dos setores que compõe hoje a coordenação e destacou a trajetória e adequação do nome de Zé Maria para o vice na Frente. Renato, do Sindicato dos Comerciários de Nova Iguaçu, relatou que realizaram assembléias com mais de 200 pessoas para debater a ilusão do “mal menor“ [voto `útil` em Lula] e nestas aprovaram o apoio à Frente Classista.

`Mesa A disputa com o governismo foi lembrada em diversas intervenções. A professora Vera Nepomucemo chamou o apoio à chapa 4 na eleição do SEPE e lembrou que junto com a eleição ocorrerá o plebiscito para desfiliação da CUT.

Os estudantes da UFRJ Badauí e Pedro destacaram o papel deste DCE na construção da Conlute e falou das eleições que estão marcadas. “Nossa chapa representa o esforço de materializar a união da esquerda“, disse Badauí. Pedro lembrou que são uma frente na universidade desde 2003 e sempre colocaram as diferenças de forma fraterna e socialista.

Já na UFF, o professor Júlio e o estudante Marcelo Bertolo falaram sobre a campanha do professor Cláudio Gurgel para reitor, afirmando-a como mais uma expressão da Frente.

O vereador Paulo Eduardo lembrou um pouco o passado daqueles que estão na luta há algum tempo e inclusive que estiveram em lados opostos. Fez questão de ressaltar a presença do PCB no debate anterior sobre a Frente e na chapa de bancários. Ressaltou que o PSTU sempre deu exemplo de luta pela Frente Classista, em outras eleições. Abordou as contradições que sofrem os que saíram do PT e agora sofrem a falta de democracia dentro do PSOL. Por último, afirmou, “Não queria caracterizar o apoio ao Zé Maria como contraposição ao nome de Cesinha [Cesar Benjamin], senão uma concretrização simbólica, que a militância possa ter o prazer de construir esta aliança, construir esta campanha contra a militância paga do PT“.

Ainda destacou-se a inusitada proposta de Paulo Roberto, petroleiro aposentado que, dizendo-se simpatizante do PSOL, propôs que os partidos chegassem a um entendimento, mas que se não fosse possível, que se tirasse no cara-ou-coroa pra saber se o vice seria César Benjamin ou Zé Maria.

“A constituição desta Frente é uma luta“

Zé Maria, na intervenção final do ato, ressaltou que a questão estava longe de ser o nome do vice. Que esta vontade, de “tanto faz o vice, o importante é sair junto“ era um legítimo sentimento de muitos da base do PSOL, de outros partidos e independentes, mas o que se debatia ali era algo bem maior, era uma questão de projeto.

Zé Maria demonstrou estar bastante preocupado com a atual postura do PSOL, que segue não discutindo programa, não dá espaço para outras organizações, lança seus candidatos e demonstra a cada dia que está interessado somente em uma adesão pura e simples. Por isso, concluiu “a constituição desta frente é uma luta e a realização de atividades como esta, que envolva os ativistas, é fundamental.“

Afirmando não acreditar que as eleições possam de fato mudar a vida do povo, Zé Maria ressaltou que o PSTU não dá pouco importância ao tema, conforme explicou em seguida: “Não falo em nome das outras organizações, mas o PSTU não vai embarcar em uma adesão à candidatura de Heloisa Helena, sem discutir o conteúdo deste projeto. É um projeto para defender os interesses da classe trabalhadora ou `democratizar a democracia`?“, provocou. “Reforçar a independência da classe trabalhadora ou ampliar eleitoralmente com PDT e PPS? Já vimos este filme antes! A esquerda brasileira não tem o direito de levar a classe trabalhadora novamente para o mesmo erro“.

Em sua intervenção Zé Maria também ressaltou o recentemente realizado Conat: “Talvez daqui a 10 ou 15 anos tenhamos melhor noção do passo histórico que demos no congresso da semana passada.“ A unidade da esquerda nas lutas e na construção da Conlutas precisa se expressar também nas eleições, ressaltou.

Ao final, todos de pé com o punho erguido, resgatou-se a tradição dos encontros operários, cantando o hino da Internacional e comemorando o final do ato com o brado “Me parece. Me parece. Que o socialismo cresce. Na luta!“