Manifestação reúne 300 ativistas de várias partes do país contra criminalização dos movimentos socaisO atentado à sede da Conlutas no Vale do Paraíba não será esquecido para permanecer impune. No último dia 20, cerca de 300 ativistas de várias regiões do país se reuniram em ato público convocado pela Conlutas, contra o banditismo sindical e a criminalização dos movimentos sociais. Estiveram representadas 58 entidades do movimento sindical e popular.

Além das entidades presentes, o ato contou com a solidariedade de personalidades como o bispo dom Cappio, a presidente do PSOL, Heloísa Helena, e o jurista Hélio Bicudo, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
A manifestação faz parte da campanha de denúncia do atentado de 1º de agosto. Na ocasião, cerca de 30 homens armados invadiram e depredaram a sede da Conlutas. O atentado ocorreu no exato momento em que era realizada uma assembléia de operários da Revap (refinaria da Petrobras em São José) para fundar uma associação independente do sindicato da CUT.

Os invasores deram cinco disparos, sendo que um deles atingiu o braço de um trabalhador. Ao fugirem, levaram apenas os documentos da associação, comprovando a intenção de impedir a livre organização dos trabalhadores.

Ofensiva contra os trabalhadores
Longe de ser apenas um caso isolado, o brutal ataque à Conlutas faz parte de um processo generalizado de criminalização e repressão à organização dos trabalhadores, em todos os setores.

José Vitório Zago, diretor do Andes (sindicato nacional de professores universitários), denunciou a tentativa do governo de acabar com seu sindicato, um dos mais combativos do movimento sindical. Recentemente, o Ministério do Trabalho cassou o registro da entidade, contra uma decisão da própria Justiça. “Isso ocorre pela postura combativa do Andes que, em 2003, foi a primeira entidade a organizar os trabalhadores contra a reforma da Previdência”, afirma Zago, que lembrou ainda a ruptura com a CUT dois anos depois e a entrada na Conlutas.

“Existe hoje um processo de ataques sistemáticos contra os trabalhadores”, afirmou Guilherme Boulos, do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto). O movimento sofre com cinco interditos proibitórios impedindo qualquer manifestação do movimento nas prefeituras de diferentes cidades. “Se nos tirarem o direito de lutar, não poderemos lutar por nenhum outro direito”, disse. “O que se está sendo criminalizado não é só a organização dos trabalhadores, mas a própria pobreza”, denunciou Janira Rocha, do MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade).

Lutar contra a criminalização
Se todos concordam que a repressão aos movimentos sociais é geral, também não há dúvidas de que é preciso agir. José Maria de Almeida, o Zé Maria, comparou o atual momento com a ofensiva da ditadura de Getúlio Vargas contra o sindicalismo independente. Afirmou ainda ser necessário colocar a luta contra a repressão entre as demais reivindicações das categorias. “Ao entrarmos com tudo em nossa campanha salarial, temos que defender também o nosso direito à livre organização”, completou.
Ao final os ativistas aprovaram um manifesto contra o banditismo sindical e a criminalização dos movimentos sociais. Também foi votada a preparação de um seminário nacional contra a criminalização dos movimentos sociais.

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