Quem está acostumado aos congressos da CUT pode ter se assustado. No dia 3, primeiro dia de congresso da Conlutas, as teses inscritas puderam ser apresentadas aos milhares de delegados que lotavam o ginásio Divino Braga. Nada menos que vinte teses foram inscritas e publicadas em um caderno distribuído a todos os delegados.

Exemplo de democracia, todas as teses contaram com um tempo igual de defesa, independente do tamanho ou peso da corrente que assinava. A defesa das teses começou por volta das 18 horas e se estendeu até às 21 horas, o que assegurou seis minutos, em média, para cada tese. A ordem de apresentação foi sorteada de forma aleatória.

Luta pelo Socialismo
Em um discurso que inflamou o plenário, Atnágoras Lopes, diretor do Sindicato dos Operários da Construção Civil de Belém (PA), defendeu o fortalecimento da Conlutas e a construção de uma alternativa de direção socialista para os trabalhadores. Atnágoras defendia a tese “Avançar na consolidação da Conlutas: classista, democrática, pela base e socialista!”, assinada por uma série de sindicatos e entidades combativas de trabalhadores, como a Federação dos Metalúrgicos de Minas Gerais e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP).

Atnágoras citou a ofensiva do imperialismo contra os trabalhadores em todo o mundo e a resposta dada pela classe, lembrando da série de insurreições que balançaram a América Latina nos últimos anos. Ao mesmo tempo, falou sobre as limitações em que essas insurreições esbarraram. “As lições das insurreições traídas e o aprofundamento da crise econômica torna ainda mais necessária a construção de uma alternativa de organização aos trabalhadores”, afirmou.

Lamentando o anúncio da ruptura do MTL a poucos dias do congresso da Conlutas, Atnágoras relembrou a importância da unidade. O dirigente operário paraense reafirmou também a necessidade de se aprender com as lições históricas aprendidas pela classe. “Temos que nos basear não só na experiência das traições stalinistas e reformistas, mas também contra Evo, Chávez e seu socialismo do século XXI”, afirmou.

“Não somos chavistas, não acreditamos num militar burguês”, disse Atnágoras, colocando como alternativa a esses projetos, uma alternativa socialista. “Temos que construir uma direção socialista, não o socialismo só do discurso, ou o socialismo descolado da luta de classes, mas aquele ligado à luta concreta dos trabalhadores”.

Atnágoras falou sobre a importância das lutas recentes dos trabalhadores no país, como a dos operários da construção civil e a dos metalúrgicos de São José dos Campos. Em uma fala que emocionou os delegados, ele conclamou a luta pela revolução e o socialismo. “Falar de socialismo ou revolução não está descolado da luta concreta, aqui está reunido o melhor da vanguarda da classe trabalhadora, a camada geracional que acredita e que vai fazer a revolução”, disse, sendo aplaudido de pé por boa parte do plenário. Os aplausos foram tão intensos que tornou as últimas palavras do discurso de Atnágoras simplesmente inaudíveis.

Debate vivo
Após três horas de apresentação e defesa das teses, muitas polêmicas. Por exemplo, a unificação com a Intersindical, a posição da Conlutas nas eleições, a participação de outros setores além do sindical, e muitas outras. A necessidade de se fortalecer a Conlutas, no entanto, é unanimidade.