Mais do mesmo: Alba de Chávez é reedição do Mercosul
Divulgação/Ag. Bolivariana de Informação

Uma peça importante da propaganda chavista é a proposta da Alba, que seria uma contraposição à Alca. Evidentemente somos completamente a favor de toda unidade de ação contra a Alca, e isso inclui Chávez e todos os que se opuserem aos planos do imperialismo. Mas isso não significa aceitar a Alba como única alternativa.

A discussão deve diferenciar, mais uma vez, os discursos das propostas reais. A Alba é definida pelos seus próprios criadores como uma área de “livre comércio”. Como Chávez não rompe com o imperialismo, tampouco pode defender uma ruptura real para a América Latina. Uma proposta regional de livre comércio, ao manter as grandes multinacionais, possibilita que elas controlem qualquer espaço econômico comum.

A Alba é, assim, uma espécie de Mercosul vitaminado e maior. Um Mercosul com mais discursos antiimperialistas e com fundos compensatórios para “corrigir as desigualdades entre países”. Esses fundos são uma espécie de Bolsa Família dos países mais ricos do continente para os mais pobres. Mas, pelos mesmos motivos que as “missões” de Chávez não acabam a miséria do povo venezuelano, não será com programas compensatórios que a desigualdade entre os países será resolvida.

O Brasil, por exemplo, cumpre um papel de submetrópole na América Latina, a serviço do imperialismo. A Petrobras atua em países como a Bolívia exatamente como as empresas multinacionais. Por outro lado, essas empresas, quando instaladas no Brasil, se aproveitam do mercado latino-americano. Isso torna o Mercosul um instrumento a serviço do imperialismo. Com a Alba algo semelhante poderia ocorrer.

Se desejasse, Chávez teria condições excelentes no momento para liderar um verdadeiro processo unificado de ruptura com o imperialismo em todo o continente. Já não existe mais a velha desculpa do “isolamento”. Se Chávez parasse de pagar a dívida e chamasse toda a América Latina a fazer o mesmo, assistiríamos a um processo continental de ruptura. Caso expropriasse as petroleiras e as grandes multinacionais, seu exemplo se estenderia continente afora.

Por esses motivos, diante de Chávez e dos partidários da Alba, defendemos a mais ampla unidade de ação contra a Alca, mas levantamos também três propostas e exigências:

  • unidade latino-americana para não pagar a dívida externa;
  • unidade latino-americana para o controle do petróleo e do gás. Isso significa tomar sem indenização todas as empresas estrangeiras em nossos países, incluindo as “associações” como a Repsol e a Texaco na Venezuela, deter a entrega das reservas da Petrobras no Brasil às empresas privadas e realizar a expropriação da Petrobras na Bolívia pelos bolivianos;
  • romper com o imperialismo e o capitalismo para formar uma Federação Socialista da América Latina.
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